NO DIA DO AUTISMO, É IMPORTANTE LEMBRAR COMO A PRÁTICA DE ATIVIDADES FÍSICAS SÃO ESSENCIAIS PARA A SOCIALIZAÇÃO E A QUALIDADE DE VIDA DE PESSOAS COM TEA
O exercício físico regular alivia a sobrecarga sensorial, melhora as habilidades motoras e sociais de
crianças e adultos com autismo.

Com o objetivo de informar as pessoas e combater a discriminação e o preconceito sofridos por pessoas
que apresentam o Transtorno do Espectro Autista (TEA), a Organização das Nações Unidas (ONU)
instituiu, em 2007, o dia 2 de abril como o Dia Mundial da Conscientização do Autismo.
A campanha tem o desafio de sensibilizar a sociedade sobre o tema, promover a inclusão e fazer com
que as pessoas aprendam a lidar com o autismo, entendendo que não se trata de uma doença, mas de
um transtorno do neurodesenvolvimento que prejudica a comunicação verbal e não verbal dos
indivíduos portadores do TEA, o que dificulta sua socialização. E para estimular a interação com outras
pessoas, o esporte e a prática de atividades físicas, aliados ao tratamento com especialistas, são de
extrema relevância.

Por não ser possível identificar o autismo através de exames, é necessário consultar uma equipe
multidisciplinar composta por neurologistas, psiquiatras, psicólogos e fonoaudiólogos para confirmar o
diagnóstico, que pode ser complexo e demorado. São observadas características prejudiciais à interação
social na fala ou comunicação, e padrões repetitivos de comportamento. São sinais de autismo: déficit
de atenção; falta de interação com as pessoas; pouco ou nenhum contato visual; não corresponder
quando chamado pelo nome; não imitar o comportamento adulto; desinteresse por atividades coletivas;
atraso na fala; ausência de gestos para se comunicar (como apontar) e movimentos repetitivos e
incomuns.

Todos esses sintomas podem ser atenuados por meio da prática esportiva, como explica o instrutor da
Bodytech Belvedere, Alexandre Magalhães Maia. Ele é pai de Matheus e Filipe, com 9 e 4 anos de idade respectivamente, ambos com autismo e alunos da academia, onde praticam natação e judô
regularmente.

Assim como as evidências científicas demonstram, Alexandre conta que não há uma medicação
específica para o autismo, que é uma condição neurológica e não tem cura. Entretanto, os sintomas
específicos que atrapalham a funcionalidade da vida diária, como insônia, agressividade e agitação,
podem ser medicados e também amenizados com a prática esportiva. “Eu sempre pratiquei caminhada
com meus filhos e, aos 4 anos de idade, os dois começaram a fazer aulas na Bodytech, na aquática e no
judô, respondendo muito bem aos estímulos. A mudança de comportamento é nítida, eles ficam mais
calmos e os ganhos são diários. Com as pesquisas que fiz para entender melhor o autismo, associado aos
meus conhecimentos como profissional de educação física, posso afirmar que a prática de exercício
físico tem efeito similar ao dos fármacos. Ele secreta enzimas através do trabalho de força, estimula a
cadeia hormonal circulante e contribui para a modulação de neurotransmissores”, explica.
A professora de natação da Bodytech, Aline Magalhães, conta de que forma a atividade auxilia. “Através das nossas aulas de natação, Matheus tem compreendido melhor seu próprio corpo, reconhecendo oambiente e interagindo com as pessoas, professores e estagiários da BT. No momento, estamos com
foco na verbalização e no entendimento do Matheus quanto aos comandos, a aprender a esperar, e na
atenção e compreensão do que acontece à sua volta. Sou grata por participar da vida dele nesse
momento e, em especial, pelo empenho e dedicação de seus pais, Alexandre e Carol, que acolhem os
profissionais que acompanham os meninos com muito carinho e esclarecimentos, o que é crucial para o
nosso trabalho e para o desenvolvimento das habilidades do Matheus e do Filipe.”
Alexandre fala muito abertamente sobre a condição dos filhos, da dedicação dele e de sua esposa Ana
Carolina na criação das crianças, da sua luta diária para obter o sustento da família e conta que o desafio é inseri-los no meio social. “Nós dois temos nossas lutas conjuntas e também as individuais. Há dias
difíceis, não é fácil, mas digo que vou lutar pelos meus filhos até o meu último suspiro.”
Alexandre diz que a Bodytech é uma academia inclusiva e que Matheus e Filipe foram muito bem
acolhidos tanto pelas outras crianças, colegas nas atividades, quanto pelos demais frequentadores e
funcionários da BT. |