Bhte, primeira-edição |
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Bhte, 03 de outubro de 2025, às 9h35
Muito além da balança: a luta silenciosa de milhões de brasileiros contra a obesidadeCom prevalência crescente e impacto direto sobre a saúde da população, a obesidade exige políticas públicas de prevenção e acesso a tratamentos
No Dia da Prevenção da Obesidade (11/10), o alerta se torna inevitável: o Brasil enfrenta uma verdadeira epidemia silenciosa, com impactos crescentes sobre a saúde pública. Segundo o Atlas Mundial da Obesidade 2025, 68% da população brasileira apresenta excesso de peso, sendo 31% com obesidade e 37% com sobrepeso.
Se nada for feito, estima-se que até 2044 quase metade dos adultos brasileiros (48%) vivam com obesidade. Globalmente, o Global Burden of Disease (publicado na revista The Lancet) prevê que, até 2050, mais da metade das pessoas com 25 anos ou mais e cerca de um terço de crianças e jovens serão afetados pela doença.
Entre 2003 e 2019, a obesidade mais que dobrou no Brasil, passando de 12,2% para 26,8% da população adulta. Classificada como doença crônica, ela está associada ao aumento do risco de diabetes tipo 2, hipertensão, doenças cardiovasculares, renais e até alguns tipos de câncer. Avanços nos tratamentos: fármacos, limites e expectativas
Nos últimos anos, uma nova geração de medicamentos - os agonistas de GLP-1, conhecidos como "canetas emagrecedoras" - revolucionou o tratamento da obesidade, promovendo perdas de peso superiores às terapias tradicionais em estudos clínicos.
O Prof. Dr. Durval Ribas Filho, médico nutrólogo, Fellow da Obesity Society (EUA) e presidente da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN), explica: "As projeções do mercado mundial são positivas e indicam um crescimento substancial nos próximos anos para novos fármacos, com uma possível competição entre os injetáveis potentes e os medicamentos orais. A tendência é de maior adesão à via oral, com impacto importante sobre a demanda e o preço."
No entanto, faz um alerta: "Não existem remédios milagrosos. A prescrição correta, caso a caso, é essencial no tratamento de pacientes obesos, cuja doença implica várias comorbidades, como o diabetes, por exemplo." Segundo o especialista, também é fundamental que essas terapias sejam incorporadas às políticas públicas de saúde, com critérios claros para seu uso. "O desafio é dispor de fármacos capazes de cuidar desses pacientes, controlar a obesidade e proporcionar melhor qualidade de vida a todos eles."
O papel essencial dos métodos não medicamentosos
Mesmo com os avanços da farmacologia, os pilares do tratamento da obesidade continuam sendo as mudanças de estilo de vida, com acompanhamento multidisciplinar. Entre as abordagens fundamentais, destacam-se:
Para prevenir o desenvolvimento da obesidade ou sobrepeso, o médico nutrólogo lista algumas ações práticas e acessíveis:
"A combinação entre informação, acesso a tratamentos, políticas públicas eficazes e combate à gordofobia é o caminho para uma sociedade mais saudável, empática e inclusiva", finaliza.
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Bhte, 25 de março de 2025, às 8h27
Ozempic: Solução milagrosa ou armadilha metabólica?
Ozempic: Solução milagrosa ou armadilha metabólica?
Especialistas alertam para os riscos do uso indiscriminado do medicamento para emagrecimento Nos últimos meses, o Ozempic (semaglutida) vem se tornando o "queridinho" dos famosos e influenciadores digitais na busca por um corpo mais magro e definido. Originalmente desenvolvido para diabéticos tipo 2, esse medicamento pertence à classe dos agonistas do GLP-1, um hormônio que regula a glicose no sangue e controla a saciedade. Mas ele realmente é eficaz para o emagrecimento?
De acordo com Kutianski, professor de Educação Física e especialista em fisiologia do exercício, quando alguns profissionais indicam essa medicação com a promessa de emagrecimento, eles estão, na realidade, explorando quatro ações do produto: retardar o esvaziamento gástrico, reduzindo o apetite; atuar no hipotálamo promovendo saciedade; e melhorar a sensibilidade à insulina, ajudando no controle da glicemia. “Embora esses efeitos possam levar à perda de peso, há um custo metabólico envolvido”, alerta.
Quais são os riscos do uso indiscriminado?
Pesquisas recentes indicam que até 39% do peso perdido com a semaglutida pode vir de massa magra, ou seja, dos músculos, essenciais para um metabolismo saudável. A perda de massa muscular pode causar fraqueza, flacidez e um metabolismo mais lento, favorecendo o famoso "efeito sanfona".
“Você perde peso na balança, mas se treinamento físico e alimentação correta, você provavelmente trocará músculo por um metabolismo mais lento. E aí, quando para com o medicamento, o corpo tenta recuperar esse peso da forma mais rápida possível: com gordura”, alerta Kutianski. Segundo um estudo da JAMA Network Open, 75% das pessoas que utilizaram Ozempic recuperaram o peso em até um ano após a interrupção do tratamento. Isso ocorre porque a medicação não altera hábitos alimentares, nem melhora a composição corporal, efeitos que só são conquistados com dieta equilibrada e prática regular de exercícios físicos.
Quem não pode usar o medicamento?
O Ozempic possui contraindicações importantes e pode ser perigoso para indivíduos com histórico de pancreatite, distúrbios gastrointestinais graves, histórico familiar de câncer medular da tireoide, além de gestantes e lactantes. Efeitos colaterais como sarcopenia, náuseas, vômitos, tontura, desmaios e até arritmias cardíacas também são relatados em estudos.
“O problema não é só o efeito colateral imediato, mas o que acontece depois que a pessoa para de usar. Se ela não mudou os hábitos, o metabolismo estará pior do que antes. É como dar um tiro no pé”, reforça Kutianski.
Existe uma solução segura para emagrecer?
Especialistas reforçam que nenhum medicamento substitui uma rotina consistente de exercícios físicos, alimentação equilibrada e sono de qualidade. “Os profissionais sérios do emagrecimento são unânimes: não há fórmula mágica para emagrecer de forma saudável e sustentável. O uso de medicamentos sem mudança de hábitos é uma bomba-relógio para o metabolismo”, conclui Kutianski.
Ozempic: Solução milagrosa ou armadilha metabólica?
Especialistas alertam para os riscos do uso indiscriminado do medicamento para emagrecimento Nos últimos meses, o Ozempic (semaglutida) vem se tornando o "queridinho" dos famosos e influenciadores digitais na busca por um corpo mais magro e definido. Originalmente desenvolvido para diabéticos tipo 2, esse medicamento pertence à classe dos agonistas do GLP-1, um hormônio que regula a glicose no sangue e controla a saciedade. Mas ele realmente é eficaz para o emagrecimento?
De acordo com Kutianski, professor de Educação Física e especialista em fisiologia do exercício, quando alguns profissionais indicam essa medicação com a promessa de emagrecimento, eles estão, na realidade, explorando quatro ações do produto: retardar o esvaziamento gástrico, reduzindo o apetite; atuar no hipotálamo promovendo saciedade; e melhorar a sensibilidade à insulina, ajudando no controle da glicemia. “Embora esses efeitos possam levar à perda de peso, há um custo metabólico envolvido”, alerta.
Quais são os riscos do uso indiscriminado?
Pesquisas recentes indicam que até 39% do peso perdido com a semaglutida pode vir de massa magra, ou seja, dos músculos, essenciais para um metabolismo saudável. A perda de massa muscular pode causar fraqueza, flacidez e um metabolismo mais lento, favorecendo o famoso "efeito sanfona".
“Você perde peso na balança, mas se treinamento físico e alimentação correta, você provavelmente trocará músculo por um metabolismo mais lento. E aí, quando para com o medicamento, o corpo tenta recuperar esse peso da forma mais rápida possível: com gordura”, alerta Kutianski. Segundo um estudo da JAMA Network Open, 75% das pessoas que utilizaram Ozempic recuperaram o peso em até um ano após a interrupção do tratamento. Isso ocorre porque a medicação não altera hábitos alimentares, nem melhora a composição corporal, efeitos que só são conquistados com dieta equilibrada e prática regular de exercícios físicos.
Quem não pode usar o medicamento?
O Ozempic possui contraindicações importantes e pode ser perigoso para indivíduos com histórico de pancreatite, distúrbios gastrointestinais graves, histórico familiar de câncer medular da tireoide, além de gestantes e lactantes. Efeitos colaterais como sarcopenia, náuseas, vômitos, tontura, desmaios e até arritmias cardíacas também são relatados em estudos.
“O problema não é só o efeito colateral imediato, mas o que acontece depois que a pessoa para de usar. Se ela não mudou os hábitos, o metabolismo estará pior do que antes. É como dar um tiro no pé”, reforça Kutianski.
Existe uma solução segura para emagrecer?
Especialistas reforçam que nenhum medicamento substitui uma rotina consistente de exercícios físicos, alimentação equilibrada e sono de qualidade. “Os profissionais sérios do emagrecimento são unânimes: não há fórmula mágica para emagrecer de forma saudável e sustentável. O uso de medicamentos sem mudança de hábitos é uma bomba-relógio para o metabolismo”, conclui Kutianski.
Nos últimos meses, o Ozempic (semaglutida) vem se tornando o "queridinho" dos famosos e influenciadores digitais na busca por um corpo mais magro e definido. Originalmente desenvolvido para diabéticos tipo 2, esse medicamento pertence à classe dos agonistas do GLP-1, um hormônio que regula a glicose no sangue e controla a saciedade. Mas ele realmente é eficaz para o emagrecimento?
De acordo com Kutianski, professor de Educação Física e especialista em fisiologia do exercício, quando alguns profissionais indicam essa medicação com a promessa de emagrecimento, eles estão, na realidade, explorando quatro ações do produto: retardar o esvaziamento gástrico, reduzindo o apetite; atuar no hipotálamo promovendo saciedade; e melhorar a sensibilidade à insulina, ajudando no controle da glicemia. “Embora esses efeitos possam levar à perda de peso, há um custo metabólico envolvido”, alerta.
Quais são os riscos do uso indiscriminado?
Pesquisas recentes indicam que até 39% do peso perdido com a semaglutida pode vir de massa magra, ou seja, dos músculos, essenciais para um metabolismo saudável. A perda de massa muscular pode causar fraqueza, flacidez e um metabolismo mais lento, favorecendo o famoso "efeito sanfona".
“Você perde peso na balança, mas se treinamento físico e alimentação correta, você provavelmente trocará músculo por um metabolismo mais lento. E aí, quando para com o medicamento, o corpo tenta recuperar esse peso da forma mais rápida possível: com gordura”, alerta Kutianski. Segundo um estudo da JAMA Network Open, 75% das pessoas que utilizaram Ozempic recuperaram o peso em até um ano após a interrupção do tratamento. Isso ocorre porque a medicação não altera hábitos alimentares, nem melhora a composição corporal, efeitos que só são conquistados com dieta equilibrada e prática regular de exercícios físicos
Quem não pode usar o medicamento?
O Ozempic possui contraindicações importantes e pode ser perigoso para indivíduos com histórico de pancreatite, distúrbios gastrointestinais graves, histórico familiar de câncer medular da tireoide, além de gestantes e lactantes. Efeitos colaterais como sarcopenia, náuseas, vômitos, tontura, desmaios e até arritmias cardíacas também são relatados em estudos.
“O problema não é só o efeito colateral imediato, mas o que acontece depois que a pessoa para de usar. Se ela não mudou os hábitos, o metabolismo estará pior do que antes. É como dar um tiro no pé”, reforça Kutianski.
Existe uma solução segura para emagrecer?
Especialistas reforçam que nenhum medicamento substitui uma rotina consistente de exercícios físicos, alimentação equilibrada e sono de qualidade. “Os profissionais sérios do emagrecimento são unânimes: não há fórmula mágica para emagrecer de forma saudável e sustentável. O uso de medicamentos sem mudança de hábitos é uma bomba-relógio para o metabolismo”, conclui Kutianski.
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Bhte 09 de março 2025 às 8h38
Novas gerações de medicamentos contra obesidade movimentam pesquisas na indústria farmacêuticaMais de 1 bilhão de pessoas estão obesas no mundo e números vêm crescendo entre jovens Mais de 1 bilhão de pessoas estão obesas no mundo, de acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS). A pesquisa mostra que a doença mais que dobrou entre adultos e quadruplicou entre crianças e adolescentes de 5 a 19 anos, no período entre 1990 e 2022. Esta realidade tem alterado os rumos das pesquisas e investimentos da indústria farmacêutica. Um estudo da Allianz Trade, empresa especializada em seguro de crédito, indica que a venda de medicamentos análogos ao GLP-1, como as famosas “canetas emagrecedoras”, deve movimentar R$ 572 bilhões até 2030. “A obesidade preocupa e quando medidas de mudanças no estilo de vida, que incluem a reeducação alimentar e a implantação da atividade física não estão conseguindo fazer com que a pessoa emagreça ou diminua o seu percentual de gordura, o uso de medicamentos que ajudem neste processo se faz necessário”, explica o endocrinologista, Fabiano Lago. “Mas claro que, como no caso de outras doenças, é importante a orientação de um médico para fazer o diagnóstico correto da obesidade, analisar como compromete a saúde do paciente, quais doenças estão associadas e a severidade do grau da obesidade”, complementa o médico. Pesquisas e novos medicamentos Estas mudanças no perfil da população também impactam as estratégias da indústria farmacêutica, como é o caso da Prati-Donaduzzi, na qual há um setor chamado Inteligência de Mercado voltado para a análise de novos medicamentos e tendências mundiais do ramo. O primeiro medicamento no segmento produzido pela farmacêutica foi o Orlistate, em 2018. Esse medicamento, vendido em cápsulas, age no tubo digestivo, inibindo as lipases gastrointestinais, que são as enzimas responsáveis pela digestão das gorduras provenientes dos alimentos, sem a digestão, o organismo não consegue absorve-las, eliminando cerca de 30% das gorduras ingeridas nas fezes. “Para tirar o máximo proveito do Orlistate, é importante que a pessoa tenha uma dieta rica em lipídios, que podem ser encontrados em alimentos como abacate, carnes vermelhas gordas, ovos e queijos”, explica o pesquisador chefe do PDI da Prati-Donaduzzi, Volnei José Tondo Filho. “O Orlistate ajuda no emagrecimento e tem indicações precisas como monoterapia, por ser seguro, visto que a cápsula não age na circulação sanguínea e nem no sistema nervoso central, focando sua ação apenas no tubo digestivo, não causando dependência. Ele também é uma boa alternativa como coadjuvante de outros medicamentos”, frisa o endocrinologista. Em 2024 a Prati-Donaduzzi iniciou as pesquisas para a fabricação de uma versão do Ozempic, medicamento análogo do GLP1 para tratamento da diabetes tipo 2 e que também é utilizada para tratamento da obesidade. A quebra da patente do medicamento está prevista para 2026. |
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