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Bhte, quarta-feira 10/12/2025 às 7h43 - primeira-edição

 

NOTÍCIA EM DESTAQUE 08 de dezembro de 2025

Este cientista está criando bilhões de mosquitos para combater doenças no Brasil

Luciano Moreira faz parte da lista Nature’s 10, uma seleção de pessoas que moldaram a ciência em 2025.

Portrait of Luciano Moreira photographed through a net covered in mosquitoes

Dentro de uma enorme fábrica no distrito industrial de Curitiba, no Brasil, milhões de mosquitos Aedes aegypti se reproduzem em uma sala com temperatura controlada, repleta de gaiolas de tela. A cada semana, a instalação produz mais de 80 milhões de ovos de mosquito.

No centro desse esforço está Luciano Moreira, um engenheiro agrônomo e entomologista de fala mansa, que inaugurou a fábrica em julho como parte de uma iniciativa para combater doenças transmitidas por mosquitos no país.

Na instalação de Curitiba, os mosquitos são infectados com uma bactéria chamada Wolbachia, que inibe a transmissão de patógenos humanos nocivos. Seus descendentes são liberados em cidades brasileiras para ajudar no controle da dengue, uma doença viral mortal transmitida principalmente pelo A. aegypti.

Até recentemente, mosquitos portadores de Wolbachia eram liberados apenas como parte de projetos de pesquisa de pequena escala. A nova fábrica marca uma mudança rumo à adoção em todo o país do método, após o governo federal brasileiro reconhecê-lo como uma medida oficial de saúde pública para combater a dengue e outras doenças transmitidas por mosquitos. O mérito de defender essa prática é atribuído a Moreira. "Ele não só conseguiu realizar o trabalho acadêmico, conduzindo experimentos para demonstrar a eficácia do modelo, como também convenceu os tomadores de decisão política a implementar a tecnologia", afirma Pedro Lagerblad de Oliveira, entomologista molecular da Universidade Federal do Rio de Janeiro. "Essa é uma habilidade que nem todos os cientistas possuem."

O interesse de Moreira por mosquitos começou no final da década de 1990, quando ele era pós-doutorando no laboratório do entomologista molecular Marcelo Jacobs-Lorena, então na Case Western Reserve University, em Cleveland, Ohio. Lá, Moreira contribuiu para o desenvolvimento do primeiro mosquito geneticamente modificado para bloquear a transmissão da malária.

Vários anos depois, ele se juntou ao laboratório do entomologista Scott O'Neill, na Universidade Monash, em Melbourne, Austrália, como pesquisador visitante. A equipe de O'Neill havia conseguido infectar o Aedes aegypti com Wolbachia, uma bactéria relativamente inofensiva que infecta células reprodutivas em muitas espécies de artrópodes. Moreira decidiu testar se a Wolbachia afetava a capacidade dos insetos de transmitir patógenos humanos.

E afetou. Mosquitos portadores da Wolbachia apresentaram menor probabilidade de contrair dengue por meio de sangue contaminado com o vírus do que os não infectados (L. A. Moreira et al. Cell 139, 1268–1278; 2009). Os cientistas ainda não compreendem o mecanismo, mas a bactéria pode estar competindo com o vírus por recursos ou estimulando a produção de proteínas antivirais. Os pesquisadores descobriram que ela também tinha o mesmo efeito protetor contra outros vírus.

O'Neill iniciou os testes de campo com os mosquitos na Austrália, e Moreira retornou ao Brasil para assumir um cargo de pesquisador na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em Belo Horizonte, um instituto científico vinculado ao Ministério da Saúde. Eles reuniram uma pequena equipe para iniciar os testes no Brasil.

"Os mosquitos foram produzidos inicialmente de forma artesanal, em uma pequena sala aquecida, usando pipetas e processos manuais", diz Moreira. Mas convencer as autoridades de saúde pública a liberar milhões de mosquitos em suas cidades foi uma tarefa árdua.

"Isso nunca vai funcionar", lembra Moreira de um funcionário da saúde em Niterói ter dito. Mas depois que ele explicou que a estratégia já havia controlado a dengue em outros locais, o funcionário mudou de ideia. E a decisão valeu a pena. A incidência de dengue em Niterói caiu 89% desde a introdução dos mosquitos.


Atualização

A principal atualização é que o pesquisador Luciano Moreira foi recentemente reconhecido pela revista Nature como um dos dez cientistas mais importantes de 2025 por seu trabalho pioneiro na produção em larga escala de mosquitos com a bactéria Wolbachia no Brasil. 

Detalhes da Produção e Reconhecimento

  • Reconhecimento Internacional: Luciano Andrade Moreira, engenheiro agrônomo e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), foi destaque na lista "Nature's 10" por liderar o esforço de escalar a produção e liberação dos mosquitos Aedes aegypti contendo a bactéria natural Wolbachia.
  • Abertura da Biofábrica: No início de 2025 (ou em julho, dependendo da fonte), a Wolbito do Brasil, considerada a maior biofábrica de mosquitos do mundo, iniciou oficialmente suas operações no Brasil, em uma joint venture entre o Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP), ligado à Fiocruz, e o World Mosquito Program (WMP).
  • Capacidade de Produção: A nova fábrica tem a capacidade de produzir milhões de mosquitos "do bem" (chamados "wolbitos") semanalmente, visando combater a transmissão de dengue, zika e chikungunya em áreas urbanas do Brasil.
  • Impacto e Objetivo: O método Wolbachia demonstrou reduzir a transmissão de dengue em mais de 75% em projetos-piloto e a expansão da produção visa ampliar o acesso a essa tecnologia em todo o país.
  • Em resumo, a produção da Wolbachia, sob a liderança técnica e científica de Luciano Moreira, alcançou um novo patamar com a inauguração da maior biofábrica do mundo, um marco que lhe rendeu reconhecimento global recente na comunidade científica. 

 

Este texto da revista Nature´s foi traduzido, tradutor Google e publicado no Jornal de Saúde de 10/12/25