Ouça a Rádio Jornal de Saúde YouTube apresenta novo logo | ExameCanal Youtube Jornal de Saúde Leia o blog do Jornal de Saúde Anuncie no Jornal de Saúde - classificado
Bhte, quinta-feira, 05/12/2024 às 8h24 - primeira edição

E N D O C R I N O L O G I A

Diabetes infantil: silenciosa, a doença na infância tem 
crescido em todo o mundo

Endocrinologista do Vera Cruz Hospital esclarece as principais dúvidas

 

Crédito: Stanias para Pixabay

 

Dezembro, 2024 – Casos de diabetes diagnosticados em pacientes pediátricos têm crescido em todo o mundo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima 98 mil novos casos em crianças e adolescentes ao ano. Fato que exige atenção redobrada de pais e responsáveis, já que alguns sintomas podem passar despercebidos e/ou serem confundidos com outras doenças. Porém, as sequelas ao longo da vida podem ser graves e o diagnóstico precoce e início de cuidados podem evitar complicações. A médica endocrinologista infantil Adriana Aun, do Vera Cruz Hospital, em Campinas, esclarece as principais dúvidas sobre o assunto.

 

1 – Quais sintomas podem dar indícios da doença na infância?

“Os sintomas do diabetes na infância são sutis e muitas vezes passam despercebidos pelos pais até que a doença se agrave e se torne necessário um atendimento médico de urgência”, diz a endocrinologista. Por isso a família precisa estar atenta aos seguintes sintomas:

  • perda de peso;
  • aumento do apetite;
  • aumento do volume de urina (muitas crianças voltam a fazer xixi na cama);
  • aumento da sede (passam a beber mais água)
  • indisposição;
  • turvação visual;
  • emagrecimento rápido;
  • falta de vontade para brincar;
  • irritabilidade e mudanças de humor;
  • dificuldade para compreender e aprender.

 

2 – Quais são os tipos de diabetes mais comuns entre crianças e adolescentes?

O diabetes mais comum da infância é o Diabetes Mellitus do Tipo 1 (DM1), que se origina da falta de produção de insulina pelas células do pâncreas (chamadas células beta). Porém, nas últimas décadas tem sido registrado um número crescente de pacientes pediátricos com o Diabetes Mellitus do Tipo 2 (DM2), estando associada à obesidade infantil.

 

3 – Qual é a diferença entre o diabetes Tipo 1 e Tipo 2?

A diferença entre um tipo e outro é a razão pela qual ocorre a deficiência na produção de insulina e o excesso de açúcar no sangue.

No caso do tipo 1, é decorrente de um processo autoimune, quando o corpo produz anticorpos contra as células beta pancreáticas, levando à deficiência de insulina. Envolve fatores genéticos.

Já no tipo 2, podemos dizer que também existe uma grande influência do fator genético somado ao sedentarismo e à obesidade. Este tipo de diabetes acomete 90% dos pacientes adultos. 

 

4 - A partir de qual idade o diabetes pode se manifestar?

Pode surgir em qualquer idade, mas a maior incidência tem sido observada durante a fase da adolescência.

 

5 - Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico é feito por exame de sangue, com o objetivo de medir dosagem de açúcar (glicemia) presente no sangue. “É considerado diabetes se a glicemia for maior que 200mg/dL, avaliado num momento qualquer do dia. Quando dosada após um período de 8 horas de jejum, a glicemia maior que 126mg/dL pode ser indício de diabetes. Além da dosagem da glicemia, a avaliação da hemoglobina glicada (que seria o acompanhamento da dose de açúcar no sangue por um período de três meses) é uma ferramenta auxiliar no diagnóstico, que aponta para a presença de diabetes quando a média é maior que 6,5%”.

 

6 - Como é o tratamento do diabetes infantil? É diferente do tratamento em adultos?

Não há diferença entre o tratamento do diabetes infantil ou adulto. O que difere é o tratamento conforme o tipo de diabetes. “O tratamento do tipo 1, é feito com a reposição da insulina, um hormônio anabólico, que tem a função de regular a quantidade de açúcar presente no sangue. Este hormônio é produzido pelo pâncreas, mas no caso de quem tem a doença, o órgão produz abaixo do necessário e por isso é preciso repô-lo por meio de injeções subcutâneas”, explica. “O tratamento do tipo 2 é feito com medicamento oral (hipoglicemiantes) e mudanças de hábitos, como alimentação e atividades físicas, que promovam a perda de peso”, completa.

 

7 - O diabetes tem cura? 

O diabetes é uma doença que não tem cura. “Muitos estudos têm sido desenvolvidos nas últimas décadas em busca da cura e alguns avanços já foram conquistados. Atualmente, no caso do tipo 1, existem grandes expectativas no campo das pesquisas com células-tronco”, diz a médica sobre as boas-novas. Também é válido salientar que no caso do tipo 2, com diagnóstico precoce e mudanças no estilo de vida, principalmente o emagrecimento, é possível ter um ótimo controle da doença.

 

8 - Quais são as principais orientações para evitar o desenvolvimento do diabetes infantil e como os pais/responsáveis podem auxiliar?

Não há maneiras de prevenir o desenvolvimento do diabetes tipo 1 já que tem origem genética; mas há como evitar que o diabetes seja diagnosticado num contexto clínico grave, reconhecendo precocemente os sintomas. A maior mortalidade pelo tipo 1 se dá no atraso do diagnóstico e no uso inadequado de insulina. Já o diabetes tipo 2, visto nos adolescentes, pode sim ser evitado, com medidas de prevenção à obesidade, prática de atividade física e bons hábitos alimentares. 

 

9 – Se o diabetes não for tratado, quais complicações pode gerar?

O diabetes causa aumento da glicemia, que se não tratado, pode trazer riscos, como:  

  • Cetoacidose - grave complicação metabólica que pode gerar internações;
  • Amputação de membros;
  • Retinopatia - danos aos olhos, que pode prejudicar a visão;
  • Complicações renais;
  • Coma.

 

10 – Como a família pode contribuir com o tratamento?

São diversas maneiras de ajudar para que essa criança tenha uma melhor qualidade de vida:

  • Oferecer apoio, mantendo a criança acolhida e motivada;
  • Estimular a prática regular de atividades físicas, ou seja, no mínimo 30 a 60 minutos por dia ou de acordo com a orientação médica;
  • Oferecer uma dieta rica em frutas, vegetais, legumes e alimentos com baixo teor de sal e gordura;
  • Diminuir, se possível cortar de vez, o consumo de alimentos enlatados, industrializados, fast food, doces e refrigerantes;
  • Em casos de adolescentes, aconselhá-las a não fumar;
  • Manter de forma regular o acompanhamento médico;
  • Estimular o uso correto das medicações prescritas;
  • Realizar os exames solicitados pelo médico para monitorar o controle da glicose e investigar possíveis lesões de órgãos. Alguns exames devem ser feitos todos os anos, como o exame oftalmológico e a hemoglobina glicada;
  • Controlar o peso;
  • Fazer o acompanhamento e tratamento adequado de outras condições que podem estar associadas ao diabetes, como hipertensão e colesterol elevado.

 

“De modo geral, o diabetes impacta na vida de toda a família exigindo a mudança do estilo de vida não apenas do paciente, mas de todos. E isso é fundamental para o tratamento, qualidade de vida e prevenção de complicações em longo prazo”, conclui a médica.

                 

Sobre o Vera Cruz Hospital

Há 81 anos, o Vera Cruz Hospital é reconhecido pela qualidade de seus serviços, capacidade tecnológica, equipe de médicos renomados e por oferecer um atendimento humano que valoriza a vida em primeiro lugar.

 

 


Falência do fígado e danos renais: entenda riscos do uso frequente do paracetamol

Medicamento encontrado em 9 de cada 10 casas de brasileiros pode causar complicações perigosas ao corpo humano se usado inadvertidamente

Um dos medicamentos mais consumidos em todo o mundo, o paracetamol serve para aliviar dores de cabeça e musculares, bem como para combater cólicas, dor de dente, dor de garganta e febre. Entretanto, apesar de ser encontrado em qualquer farmácia e poder ser adquirido sem prescrição médica, o uso desenfreado e prolongado desse medicamento pode ser muito perigoso para a saúde.

Isso porque o paracetamol possui algumas substâncias que, dependendo do organismo da pessoa, podem não ser metabolizadas adequadamente pelo fígado, resultando em danos às células hepáticas. “Quando consumido de forma excessiva, esse medicamento pode levar a um quadro de hepatotoxicidade aguda, que pode progredir para insuficiência hepática e falência do órgão”, detalha a médica de Família e Comunidade e professora do curso de Medicina da Universidade Positivo (UP), Nathalie de Paula Damião, alertando ainda que, além dos danos ao fígado, o uso exagerado do paracetamol pode causar problemas renais, reações alérgicas e outras complicações. “Algumas pessoas podem desenvolver reações alérgicas, como feridas na pele, coceira, inchaço e dificuldades respiratórias, além de afetar a produção de glutationa, um antioxidante importante para a saúde celular e função hepática.”

Mesmo sendo um dos remédios mais utilizados no planeta por décadas, inúmeros cientistas já declararam que o mecanismo de ação do paracetamol ainda não foi completamente compreendido. No entanto, o medicamento continua sendo amplamente consumido como analgésico, por conta de diversos fatores. “O paracetamol tem demonstrado eficácia no alívio de dores leves a moderadas em muitas pessoas. Sua ação rápida e eficaz o torna uma escolha popular. Quando utilizado nas doses recomendadas, o medicamento geralmente é seguro e tem uma baixa incidência de efeitos colaterais em comparação com outros analgésicos”, aponta Nathalie. Ela ainda destaca outros pontos positivos, como a atuação no sistema nervoso central, que afeta a percepção da dor e a regulação da temperatura; sua baixa atividade anti-inflamatória, que pode ser vantajosa em situações em que a redução da inflamação não é necessária; a variedade de formas de administração - comprimidos, cápsulas, líquidos e supositórios -, facilitando a adaptação a diferentes pacientes; e sua ampla disponibilidade, visto que é encontrado em todo o mundo e sem a necessidade de receita médica na maioria dos países.

Além disso, mesmo sem ter o seu mecanismo de ação completamente esclarecido, a eficácia do paracetamol é comprovada por meio de ensaios clínicos controlados, nos quais o medicamento é comparado a um grupo que recebe placebo ou outra intervenção ativa. “Nessas avaliações, o paracetamol mostrou ser mais eficaz que o placebo no alívio da dor. Porém, é importante lembrar que a eficácia do medicamento pode variar entre indivíduos e tipos de dor. Algumas pessoas podem responder melhor ao remédio do que outras”, revela.

A especialista esclarece que existem vários outros medicamentos que podem ser mais eficazes que o paracetamol em determinadas situações de dor ou febre. A escolha do fármaco adequado depende do tipo de dor, da gravidade dos sintomas, das condições médicas individuais do paciente e outros fatores. “Alguns remédios frequentemente considerados como alternativas ao paracetamol incluem anti-inflamatórios, opióides e outros analgésicos. Lembrando que a escolha do medicamento deve ser feita por um profissional de saúde, considerando a avaliação clínica e as condições específicas do paciente”, finaliza Nathalie, ressaltando que, em geral, o paracetamol é seguro e eficaz quando utilizado da forma correta e sem exageros, assim como todo medicamento.

 

Campanha assine o Jornal de Saúde por 12 meses

 

-Rua Pedro Lessa, 45 - Bairro Santo Andre - BHMG - 31210-580 - 31 3077 4513 - email. jornaldesaude@gmail.com