Falência do fígado e danos renais: entenda riscos do uso frequente do paracetamol

Medicamento encontrado em 9 de cada 10 casas de brasileiros pode causar complicações perigosas ao corpo humano se usado inadvertidamente

Um dos medicamentos mais consumidos em todo o mundo, o paracetamol serve para aliviar dores de cabeça e musculares, bem como para combater cólicas, dor de dente, dor de garganta e febre. Entretanto, apesar de ser encontrado em qualquer farmácia e poder ser adquirido sem prescrição médica, o uso desenfreado e prolongado desse medicamento pode ser muito perigoso para a saúde.

Isso porque o paracetamol possui algumas substâncias que, dependendo do organismo da pessoa, podem não ser metabolizadas adequadamente pelo fígado, resultando em danos às células hepáticas. “Quando consumido de forma excessiva, esse medicamento pode levar a um quadro de hepatotoxicidade aguda, que pode progredir para insuficiência hepática e falência do órgão”, detalha a médica de Família e Comunidade e professora do curso de Medicina da Universidade Positivo (UP), Nathalie de Paula Damião, alertando ainda que, além dos danos ao fígado, o uso exagerado do paracetamol pode causar problemas renais, reações alérgicas e outras complicações. “Algumas pessoas podem desenvolver reações alérgicas, como feridas na pele, coceira, inchaço e dificuldades respiratórias, além de afetar a produção de glutationa, um antioxidante importante para a saúde celular e função hepática.”

Mesmo sendo um dos remédios mais utilizados no planeta por décadas, inúmeros cientistas já declararam que o mecanismo de ação do paracetamol ainda não foi completamente compreendido. No entanto, o medicamento continua sendo amplamente consumido como analgésico, por conta de diversos fatores. “O paracetamol tem demonstrado eficácia no alívio de dores leves a moderadas em muitas pessoas. Sua ação rápida e eficaz o torna uma escolha popular. Quando utilizado nas doses recomendadas, o medicamento geralmente é seguro e tem uma baixa incidência de efeitos colaterais em comparação com outros analgésicos”, aponta Nathalie. Ela ainda destaca outros pontos positivos, como a atuação no sistema nervoso central, que afeta a percepção da dor e a regulação da temperatura; sua baixa atividade anti-inflamatória, que pode ser vantajosa em situações em que a redução da inflamação não é necessária; a variedade de formas de administração - comprimidos, cápsulas, líquidos e supositórios -, facilitando a adaptação a diferentes pacientes; e sua ampla disponibilidade, visto que é encontrado em todo o mundo e sem a necessidade de receita médica na maioria dos países.

Além disso, mesmo sem ter o seu mecanismo de ação completamente esclarecido, a eficácia do paracetamol é comprovada por meio de ensaios clínicos controlados, nos quais o medicamento é comparado a um grupo que recebe placebo ou outra intervenção ativa. “Nessas avaliações, o paracetamol mostrou ser mais eficaz que o placebo no alívio da dor. Porém, é importante lembrar que a eficácia do medicamento pode variar entre indivíduos e tipos de dor. Algumas pessoas podem responder melhor ao remédio do que outras”, revela.

A especialista esclarece que existem vários outros medicamentos que podem ser mais eficazes que o paracetamol em determinadas situações de dor ou febre. A escolha do fármaco adequado depende do tipo de dor, da gravidade dos sintomas, das condições médicas individuais do paciente e outros fatores. “Alguns remédios frequentemente considerados como alternativas ao paracetamol incluem anti-inflamatórios, opióides e outros analgésicos. Lembrando que a escolha do medicamento deve ser feita por um profissional de saúde, considerando a avaliação clínica e as condições específicas do paciente”, finaliza Nathalie, ressaltando que, em geral, o paracetamol é seguro e eficaz quando utilizado da forma correta e sem exageros, assim como todo medicamento.

 

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