Cirurgia para endometriose devolve qualidade de vida a mulheres com dores frequentes e incapacitantes
Doença atinge até 15% das mulheres em idade reprodutiva e é uma das principais causas de infertilidade feminina
Laura Aguiar, de 37 anos, sempre teve cólicas menstruais. Ela considerava esse desconforto algo comum, pois mantinha um acompanhamento regular com ginecologista e realizava exames de rotina. Entretanto, aproximadamente há 2 anos, Laura começou a sentir dores intensas e persistentes, suspeitando de que algo mais sério estava acontecendo. Em busca de respostas, procurou atendimento especializado e recebeu o diagnóstico de endometriose.
Há cerca de um ano, a especialista em relações sindicais passou por uma cirurgia para tratar a condição. “A principal mudança foi a ausência da dor. Eu passava quase todos os meus dias com dores, e ficar livre delas é realmente um alívio”, afirma Laura. Após o procedimento, ela passou a ter acompanhamento semestral com especialista para verificar a eficácia da cirurgia. Como os resultados foram satisfatórios, agora ela mantém consultas de rotina anuais.
Laura faz um alerta sobre o assunto: “Os ginecologistas deveriam solicitar esse tipo de exame como obrigatório para as mulheres, porque descobrir em casos extremos, quando há dores intensas, problemas de infertilidade e a necessidade de cirurgia, causa muito sofrimento. Eu me senti muito frustrada por sempre manter meus exames ginecológicos em dia e não ter recebido o diagnóstico antes”, desabafa.
Dores e afastamento
A endometriose é uma condição em que o tecido que normalmente reveste a camada interna do útero (endométrio) cresce fora do útero, em locais onde não deveria estar. Esse tecido pode se desenvolver na cavidade abdominal, nos ovários e em órgãos internos, como o intestino e a bexiga.
Estima-se que entre 10% e 15% das mulheres em idade reprodutiva sejam afetadas por essa condição. No Brasil, isso representa cerca de 8 milhões de mulheres. Em 2022, após a revelação de que a cantora Anitta tem endometriose, o assunto ganhou mais visibilidade e fez muitas mulheres começarem a questionar se poderiam estar sofrendo do mesmo problema. A endometriose é a principal causa de infertilidade feminina e uma das razões mais comuns para a ausência de mulheres no trabalho, devido à dor pélvica incapacitante.
Cirurgia minimamente invasiva
A doença não tem cura, mas pode ser tratada. O método mais eficaz é a cirurgia de excisão, que consiste na remoção de todo tecido inflamado da pelve, sendo considerada de média a alta complexidade. Embora o procedimento não seja capaz de curar completamente, ele reduz significativamente a necessidade de novas intervenções, que ocorrem em menos de 10% dos casos.
A ginecologista Renata Mieko Hayashi, coordenadora da área de Saúde da Mulher do Hospital São Marcelino Champagnat, em Curitiba (PR), explica que o procedimento pode demandar uma equipe multidisciplinar. “A cirurgia indicada é a técnica minimamente invasiva – videolaparoscopia ou cirurgia robótica. O médico cirurgião mais indicado é o ginecologista treinado para o tratamento da endometriose. A equipe é composta por especialistas em outras áreas – coloproctologista, urologista, cirurgião torácico, por vezes. Mas, por ser uma patologia ginecológica, ela deve ser coordenada pelo ginecologista”.
Em alguns casos, especialistas optam pela administração de anticoncepcionais hormonais ou progesterona. Por serem antagonistas do estrogênio, que é o hormônio responsável pelo crescimento do endométrio, eles podem frear a condição. No entanto, os medicamentos apenas controlam os sintomas, mas não conseguem tratar a doença.
Sintomas e diagnóstico
Alguns sintomas são comuns em pacientes com essa condição. A dor pélvica severa e incapacitante é um importante sinal de alerta. Além disso, cólicas menstruais intensas e dor durante a relação sexual não são normais e também podem indicar endometriose. Há sintomas que incluem dor, diarreia ou outros problemas para evacuar durante a menstruação, bem como infertilidade.
A doença pode ser diagnosticada já na adolescência, por isso é preciso que pais e responsáveis estejam atentos e saibam orientar as adolescentes. É recomendável levá-las ao ginecologista logo após a menarca, ou seja, a primeira menstruação.
O diagnóstico da endometriose é clínico, baseado nos relatos da paciente e em exames físicos realizados pelo médico. Consultas regulares com o ginecologista podem ajudar a identificar sinais da condição. O exame de imagem, no entanto, é um grande avanço para um diagnóstico preciso e completo. “Tivemos uma evolução significativa com os exames de imagem. Hoje o Brasil é uma das referências mundiais no tratamento da endometriose”, explica Renata Hayashi. “O ultrassom transvaginal, por exemplo, é um exame relativamente simples que nos permite mapear a endometriose. Embora a paciente precise de preparo intestinal, com o uso de laxante, o exame é tranquilo.”
Dia Internacional da Luta contra a Endometriose: conheça 12 mitos e verdades sobre a doença
Ginecologista do Vera Cruz Hospital, em Campinas (SP), alerta: ao menor sinal de dor, como cólicas menstruais ou durante a relação íntima, é essencial buscar ajuda médica
Crédito - Silvia por Pixabay
Maio, 2024 – Atualmente, a endometriose acomete 176 milhões de mulheres em todo o mundo, sendo mais de sete milhões só no Brasil. Os dados são da Organização Mundial da Saúde (OMS). O problema é gerado quando o endométrio fica fora da cavidade uterina, causando dores intensas, infertilidade e, se não tratado, atacar outros órgãos. Neste 7 de maio, Dia Internacional da Luta contra a Endometriose, o médico cirurgião ginecológico Dorival Gomide, do Vera Cruz Hospital, em Campinas (SP), traz à luz 12 mitos e verdades comuns que são compartilhados diariamente nos consultórios.
“Acho super importante destacar que é preciso acabar com a ‘normalização’ da dor. Ou seja, a paciente que tem cólica ou sente dor na relação sexual, principalmente na penetração mais profunda, precisa entender que este pode ser o indício de um problema como a endometriose e precisa investigar. Com o diagnóstico e acompanhamento, a qualidade de vida dessa paciente tem muito a melhorar e, inclusive, evitar problemas maiores, como a infertilidade”, destaca.
1 – A endometriose é hereditária.
Verdade. Em geral, a maioria das pacientes com diagnóstico positivo têm, na família, uma mãe, tia ou avó que já apresentou o problema. E, neste caso, é interessante também acompanhar as filhas, pois há ali um risco importante.
2 – A endometriose sempre causa infertilidade.
Mito. Cerca de 60% das mulheres com endometriose engravidam normalmente. As outras 40% acabam precisando de algum tratamento médico; às vezes, uma fertilização e, em outros casos, cirurgias.
3 – A endometriose sempre traz sintomas.
Mito. Há pacientes que têm endometriose e não apresentam nenhum sintoma; algumas com casos avançados. Na verdade, o que pode causar a dor é a localização da lesão. Então, é possível que uma paciente com endometriose leve sinta mais dor, ou algum outro sintoma, do que alguém em estado mais grave. Por isso, é importante sempre realizar os exames periódicos.
4 – Os primeiros sintomas da endometriose surgem a partir da primeira menstruação.
Verdade. Geralmente, a paciente já tem um histórico familiar, apresenta cólicas fortes e um fluxo menstrual aumentado. Esses são os primeiros sinais de alerta.
5 – A endometriose não tem cura.
Verdade. Não há como afirmar que tem cura, mas é possível fazer um bom controle. Geralmente, a cirurgia retira todas as lesões e a paciente fica livre. De qualquer maneira, por ser uma doença inflamatória e crônica, pode voltar. Então, é essencial ter certos cuidados, como uma dieta equilibrada, que exclua alimentos inflamatórios, e praticar atividades físicas, pois isso ajuda bastante a longo prazo.
6 – A endometriose só é tratada com cirurgia.
Mito. O tratamento só prossegue para uma cirurgia se não houver sucesso com o controle clínico. O princípio do tratamento é controlar os sintomas, muitas vezes com hormônios ou mudanças no estilo de vida, como a prática de exercícios físicas e uma dieta equilibrada. Caso essas primeiras medidas não resolvam, aí, sim, pode-se adotar a cirurgia para remover as lesões.
7 – A endometriose exige acompanhamento periódico permanente.
Verdade. Geralmente, o acompanhamento da paciente é feito pelo ginecologista. Eventualmente, poderá precisar de um especialista em endometriose. O ideal é fazer um acompanhamento periódico para controlar os sintomas e também a evolução da doença, caso a paciente não tenha sido operada. Caso esteja bem, sem dor, pode ser anual.
8 – A endometriose exige que a paciente use medicamentos diariamente.
Mito. Na verdade, os medicamentos só são utilizados para controlar os sintomas. Então, se uma paciente não os apresenta – seja por ter feito a cirurgia ou por ter alterado o estilo de vida -, não há necessidade de medicamentos. Vale lembrar que não há remédios, até o momento, que tratem a endometriose. Todas as medicações, sejam hormonais, como anticoncepcionais, implantes, DIU, ou analgésicas e anti-inflamatórias, apenas tratam os sintomas.
9 – A endometriose pode ser prevenida.
Mito. Não pode ser prevenida, pois sua origem tem relação com histórico familiar. Ou seja, a mulher pode nascer com um endométrio diferente e desenvolver, ou não, o problema. O importante é que os sintomas podem ser tratados e prevenidos.
10 – É possível desenvolver ou descobrir a endometriose durante a gestação.
Verdade. Geralmente, o principal desafio da paciente com endometriose é engravidar. Ao conseguir, na maioria dos casos, a gestação é assintomática, e isso ocorre devido à supressão dos hormônios ovarianos. A doença ainda pode ser descoberta quando a mulher sente dificuldades no processo de engravidar.
11 – A endometriose é o mesmo que as cólicas menstruais consideradas “normais”.
Mito. A dor é relativa de pessoa para pessoa e, por isso, é impossível definir o que é “cólica normal”. Então, nenhuma dor é normal e todas devem ser investigadas. E, infelizmente, esse conceito de “cólica é normal” é o que faz com que a doença tenha uma demora de oito a dez anos para ser diagnosticada. É muito tempo.
12 – Um quadro de endometriose controlado pode ter piora clínica.
Verdade. Há, sim, pacientes que têm controle dos sintomas, mas continuam apresentando uma progressão da doença. Por isso, o acompanhamento periódico é essencial.
Sobre o Vera Cruz Hospital
Há 80 anos, o Vera Cruz Hospital é reconhecido pela qualidade de seus serviços, capacidade tecnológica, equipe de médicos renomados e por oferecer um atendimento humano que valoriza a vida em primeiro lugar. A unidade dispõe de 166 leitos distribuídos em diferentes unidades de internação, em acomodação individual (apartamento) ou coletiva (dois leitos), UTIs e maternidade, e ainda conta com setores de Quimioterapia, Hemodinâmica, Radiologia (incluindo tomografia, ressonância magnética, densitometria óssea, ultrassonografia e raio x), e laboratório com o selo de qualidade Fleury Medicina e Saúde. Em outubro de 2017, a Hospital Care tornou-se parceira do Vera Cruz.
Bhte, 24/04/2023
Dicas práticas para uma boa higiene íntima
Saiba que cuidados tomar para fazer a limpeza adequada da região íntima e prevenir infecções
Cuidados diários de higiene íntima são fundamentais para evitar a proliferação de fungos e bactérias e até problemas mais graves. A limpeza adequada da região é importante para prevenir infecções e desconfortos como coceiras, irritações e odores fortes, além de candidíase e infecção urinaria.
Para uma boa higiene é bom lembrar que o canal da vaginaé autolimpante, por isso, não há necessidade de limpá-lo, já a parte externa , a vulva deve ser diariamente com água e sabão, porém não tem necessidade de ser mais que uma vez por dia . Pode ser no banho com bastante água. Outras dicas: Evite peças apertadas, Use sabonetes neutros, faça xixi após as relações sexuais, Troque o absorvente de 3 em 3 horas, faça a limpeza e higiene adequada.
Dra. Elis Nogueira é Ginecologista e Obstetra, e concluiu a graduação em medicina na Universidade de Mogi das Cruzes em 1999. Especializou- se em Ginecologia e Obstetrícia pela Faculdade de Ciência Médicas da Santa Casa de São Paulo em 2004 e obteve o título de Especialista em Ginecologia e Obstetrícia pela Associação Médica Brasileira – Federação Brasileira das Sociedades de Ginecologia e Obstetrícia. Posteriormente: obteve o título em Advanced Life Support in Obstetrics; especializou- se também em Ginecologia Endócrina, Contracepção e Planejamento Familiar, Climatério, Patologia Cervical e Cirurgia Íntima.
Atualmente é referência em parto normal, gravidez de alto risco , infertilidade, e também em cirurgia ginecológica, e cirurgia íntima, inserção de DIU de cobre e prata, SIU, trombofilias e implantes hormonais. É membro de entidades médicas reconhecidas como a SOGESP - Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo, da APM - Associação Paulista de Medicina, e FEBRASGO - Federação Brasileira das Sociedades de Ginecologia e Obstetrícia.
Faz parte do corpo clínico dos Hospitais e Maternidades: São Luiz Star, Vila Nova Star, Albert Einstein, ProMatre Paulista, Santa Joana, Sírio Libanês, São luiz itaim, Santa Catarina, Oswaldo Cruz, e Santa Maria.
Bhte, 27/11/2021
Conheça os malefícios do absorvente tradicional para o corpo
Os absorventes descartáveis industrializados são os produtos que estão presentes na rotina da maior parte do público feminino. Estima-se que a mulher faz uso de cerca de dez absorventes descartáveis em cada ciclo menstrual, e de dez mil a 15 mil da puberdade até a menopausa. Porém, o que poucos sabem são os malefícios que esse tipo de produtos causa para o corpo e meio ambiente. Como no Brasil não existe reciclagem para esse tipo de resíduo, esses absorventes acabam indo parar em lixões e aterros sanitários, causando um problema ambiental. Indo um pouco mais além, para a produção deste absorvente diversas substâncias tóxicas são utilizadas, como o cloro, que é usado no branqueamento das fibras de celulose que ficam no interior do absorvente. O branqueamento gera a Dioxina como subproduto, que é uma substância química cancerígena. Você já parou para pensar que esses tóxicos ficam diretamente em contato com o corpo da mulher?
Segundo a Dra. Juliana Honorato, ginecologista e obstetra, as substâncias presentes nos absorventes podem penetrar no organismo pela absorção da mucosa ou por serem voláteis, como o estireno, clorometano, cloroetano, clorofórmio, acetona, ftalatos, dioxinas, compostos semelhantes a dioxinas, furanos [10] e metildibromoglutaronitrila (MDBGN). “Alguns estudos têm sugerido que essas substâncias podem agir diretamente nas células do organismo, alterando a produção de hormônios ou renovação celular, apesar dos resultados ainda serem discretos”, explica.
Um dos principais riscos do contato de qualquer componente químico com o corpo humano é a formação de reações alérgicas. Isso acontece quando um componente pode ser absorvido pela pele, mucosa ou via inalatória, e, em alguns casos, ser “reconhecido” como algo que não faz parte do corpo, gerando a liberação de substâncias inflamatórias (de defesa), que causam inchaço, dor, coceira, irritação de pele, entre outros sintomas, que podem ser locais ou comprometer o corpo todo, dependendo da intensidade da reação. “Considera-se alergia quando isso acontece em algumas pessoas, em contato com substâncias geralmente indiferentes para outras. No caso dos componentes químicos dos absorventes, os estudos mostram realmente pouca incidência de reações alérgicas específicas do uso de absorventes, e a grande maioria com sintomas leves. Porém, um alerta importante é que como o absorvente é usado diariamente, esses sintomas leves, durante três ou mais dias seguidos, causam desconfortos e até mesmo irritabilidade na mulher. Infelizmente muitas mulheres acabam associando isso como normal e dão pouca atenção para esse incômodo, aguentando esses sintomas durante os dias da menstruação ”, pontua a ginecologista.
Outro ponto importante é que existem muitos estudos correlacionando os compostos voláteis como os ftalatos, dioxinas, furanos, MDBGNs, BPAs com as alterações hormonais, infertilidade e malformações fetais. Vale lembrar que esses compostos já são conhecidos por causarem efeitos cancerígenos quando há exposição intensa. “Dados mostram uma relação mais evidente quando há exposição intensa, como em mulheres que trabalham em indústrias e têm contato direto com essas substâncias. Em relação ao contato cotidiano com essas substâncias e esses efeitos negativos - em cosméticos e produtos de higiene - os estudos mostram resultados discretos e controversos, não sendo suficiente para a proibição de seu uso, mas importantes para gerar um alerta de cuidados nas pessoas e incentivar pesquisas maiores” explica Juliana.
Segundo estudos recentes, a Dioxinas e compostos semelhantes, como dibenzodioxinas-policlorados (PCDD), dibenzofuranos policlorados (PCDF) e ‘dioxin-like’ PCB (dl-PCB), além de ser disruptores endócrinos, podem estar relacionados ao aumento do risco de complicações da endometriose, embora não seja comprovado que a substância cause diretamente o aparecimento da doença. “Ainda não há comprovação de quais quantidades e tipos de exposição geram esse efeito, se o contato através do absorvente seria suficiente, por exemplo. Mulheres com dificuldade de engravidar também apresentam, nas pesquisas, maiores concentrações de BPA do que as mulheres com fertilidade normal. Apesar de também não haver comprovação sobre quanta exposição é suficiente para gerar o efeito, estes resultados alertam para a necessidade de se pensar alternativas para reduzir qualquer exposição”.
Para quem deseja substituir os absorventes tradicionais, reduzindo os malefícios para o corpo e meio ambiente, hoje o mercado oferece algumas opções alternativas, como métodos reutilizáveis, mas para quem ainda prefere a praticidade e conforto do absorvente descartável, vale procurar por opções orgânicas e biodegradáveis, sem toxinas agressivas. “A orientação para quem deseja evitar essas toxinas no organismo e não correr riscos é buscar por produtos alternativos, para isso é sempre importante ler os rótulos e entender com quais substâncias os produtos são feitos. Essa é a melhor forma de se sentir segura”, recomenda a especialista.
Diagnosticada no exame preventivo de rotina, a doença é consequência de lesões que se agravam a partir de infecções pelo vírus HPV, contra o qual já há vacina e tratamento
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o câncer de colo de útero é o terceiro tipo mais comum de neoplasia entre mulheres e a quarta maior causa de morte por câncer no Brasil. Sua incidência é estimada em mais de 16 mil casos por ano. Especialistas alertam que quanto mais precoce o diagnóstico maior é a chance de cura, menos agressivo será o tratamento e menos sequelas ele vai deixar. A detecção precoce da condição é feita de forma simples, por meio do exame preventivo de Papanicolau.
O ginecologista, obstetra e diretor médico da Maternidade Brasília, Evandro Oliveira, explica que o câncer do colo do útero é uma decorrência da infecção causada por alguns tipos de Papilomavírus Humano (HPV). “A maior parte dos casos de infecção por esse vírus não causa a doença. No entanto, os tipos oncogênicos do vírus provocam alterações celulares que podem evoluir para o câncer. A boa notícia é que essas alterações podem ser descobertas com bastante facilidade por meio do preventivo (exame de Papanicolau) e podem ser tratadas e curadas na maioria das vezes. Essa é a razão pela qual é fundamental manter o exame preventivo em dia”, alerta o médico.
Também conhecido como câncer cervical, esse tipo de tumor se desenvolve de forma lenta e, normalmente, não apresenta sinais em sua fase inicial. Já em casos mais avançados, o principal sintoma da doença é o sangramento vaginal acompanhado de mau cheiro, inclusive após a relação sexual. “É uma doença de caráter progressivo e praticamente assintomática no início, mas depois que os sintomas começam, se define como uma doença avançada. Ela acomete primeiro o colo do útero, a região anatômica do órgão que fica em contato com a vagina. Se houver metástase – quando o câncer se dissemina além do local onde se originou –, ela pode atingir a vagina, a bexiga e o reto, que são locais próximos ao útero, bem como os pulmões, o intestino, o cérebro e os ossos, o que caracteriza a metástase à distância", explica o Dr. Evandro Oliveira.
Além da realização do exame preventivo anual, existem outras formas de evitar a doença. A prevenção primária inclui evitar o contágio com o HPV, que ocorre por meio de relações sexuais sem proteção. “A utilização de preservativos previne todas as infecções sexualmente transmissíveis (IST), entre elas o HPV, que é o grande responsável pelo surgimento do câncer de colo de útero. As formas de prevenção desse tipo de câncer são duas: pela realização do exame de Papanicolau anualmente por mulheres sexualmente ativas e pela vacinação contra o HPV”, pontua o ginecologista.
O tratamento da doença é indicado de acordo com a avaliação do médico e leva em consideração as características da doença, como evolução, estágio, tamanho do tumor e idade da paciente. Entre as opções de tratamento estão a cirurgia, quimioterapia e radioterapia. O ginecologista reitera ainda que quanto mais precoce o diagnóstico, maiores as chances de cura e maior a possibilidade de manter a fertilidade da paciente para a possibilidade de uma futura gestação.
Por fim, vale destacar que a Maternidade Brasília, assim como o Hospital Brasília, conta com o Núcleo de Cuidado Integral à Saúde da Mulher (NCISM) para oferecer atendimento multidisciplinar por profissionais de diferentes especialidades, como proctologia, ginecologia, nutrição, fisioterapia e psicologia.
Bhte, 27/08/2021
Gravidez ectópica: sintomas e tudo o que você precisa saber
Esta condição, que pode ter várias causas diferentes, precisa de um acompanhamento detalhado
As mudanças no corpo da mulher são esperadas durante a gestação. No entanto, alguns sinais de alerta, como dor intensa e sangramento no início da gravidez, podem significar alguma alteração mais grave, como a gravidez ectópica. Ela acontece quando o embrião se desenvolve fora da cavidade uterina. O obstetra e coordenador do setor de Medicina Materno-fetal da Maternidade Brasília, Matheus Beleza fala mais detalhes sobre o tema.
O que é gravidez ectópica?
A gravidez ectópica é a implantação de um óvulo fertilizado em local inapropriado, isto é, fora da cavidade uterina. É necessário procurar tratamento médico imediatamente. O speecialista em medicina fetal que vai conduzir o caso realiza exames para identificar o local exato onde o embrião se fixou e, a partir daí, definir o procedimento mais adequado para cada caso.
Ele pode estar em diversos lugares, entre os mais comuns: nos ovários, nas trompas, no colo uterino e até mesmo no abdômen. Essa é uma condição rara, cerca de 2% das gestações podem ser ectópicas. Conheça os tipos mais comuns:
Ovariana: é detectada por meio da ultrassonografia e localiza-se próxima a um dos ovários.
Heterotópica: quando o embrião começa a se desenvolver entre a trompa e o útero;
Ectópica intersticial: acontece quando o embrião se desenvolve no segmento intersticial da tuba;
Cervical: se dá com o desenvolvimento do embrião no colo do útero;
Como saber se estou com uma gravidez ectópica?
“A partir da avaliação dos exames laboratoriais que confirmam a gestação, associado ao tempo esperado de desenvolvimento do embrião e o exame de ultrassonografia que precisa visualizar o desenvolvimento dentro da cavidade uterina”, explica Matheus.
Sintomas
O médico alerta ainda que, normalmente, quando ocorre uma gravidez ectópica, a mulher sente dor abdominal, sangramento na vagina e cólicas. “Os sintomas podem variar de acordo com cada pessoa e podem acontecer antes ou depois de a estrutura que contém a gravidez ectópica se romper”, completa. E, devido ao fato de a menstruação poder ou não estar atrasada, algumas mulheres ainda não sabem que estão grávidas. Entre os principais sintomas estão:
Dor abdominal;
Sangramento vaginal;
Desconforto, como se fosse um peso na vagina;
Dor forte ao ser apalpado o útero;
Abdômen inchado.
O que pode causar uma gravidez ectópica?
A gravidez ectópica pode afetar qualquer mulher, no entanto, alguns fatores podem contribuir para que ela ocorra:
Cicatriz cirúrgica na região pélvica;
Endometriose;
Gestação em uso de DIU;
Gravidez precoce (antes dos 18 anos)
Gravidez tardia (após os 35 anos)
Gestação ectópica anterior;
Deformação ou inflamação nas trompas;
Complicações de ISTs, como gonorreia ou clamícia;
Tabagismo;
Malformação das trompas de falópio;
Gestação após laqueadura das trompas;
Técnicas de reprodução assistida (como a fertilização in vitro);
Gravidez ectópica aparece no teste de farmácia?
Não. Por meio do teste de farmácia, há apenas a possibilidade de se constatar a ocorrência ou não de gravidez.
Qual exame detecta gravidez Ectópica?
No surgimento de sintomas, o médico deve ser procurado para uma avaliação precisa e a indicação do tratamento adequado. Para detectar se o embrião está em desenvolvimento fora do útero, é realizada uma ultrassonografia depois de feito o exame Beta HCG, que pode dar positivo ou não.
Como funciona o tratamento?
O tratamento para gravidez ectópica depende da avaliação médica, podendo ser o cirúrgico ou medicamentoso, a depender do estágio em que a gestação se encontra. Na Maternidade Brasília, contamos com diversos especialistas em obstetrícia e com o suporte do Setor de Medicina Materno-fetal. A partir de um acompanhamento minucioso, é possível tratar os quadros com os mais diversos graus de complexidade.
Bhte, 01/04/2021
Cannabis medicinal pode ser alternativa no tratamento de endometriose
Mulheres possuem grande quantidade de receptores da substância nos órgãos reprodutivos
No Brasil, a endometriose acomete cerca de 15% das mulheres, ou seja, 6,5 milhões de brasileiras por ano. O tratamento da dor secundária da endometriose constitui um desafio histórico na prática clínica e muitos destes tratamentos são à base de hormônios, com uma série de efeitos colaterais.
Segundo artigo da Medical Cannabis Network, os órgãos pélvicos femininos possuem uma densidade muito alta de receptores canabinóides, fazendo com que o tratamento da endometriose com medicamentos à base de cannabis seja promissor, principalmente nos sintomas desse distúrbio. “Os receptores canabinóides são locais onde as substâncias medicinais da planta se ligam e produzem seus efeitos medicamentosos”, explica a Dra. Maria Teresa Jacob, médica que atende pacientes com a cannabis medicinal.
A Cannabis tem sido utilizada para tratar várias complicações ginecológicas e outras doenças em todo o mundo, pois restabelece o equilíbrio do organismo com menor incidência de efeitos colaterais. “A endometriose, patologia relativamente frequente entre mulheres na fase reprodutiva, compromete enormemente a qualidade de vida pela dor severa e por complicações genito-urinárias. Estudos demonstram que a cannabis atua na melhora da dor, com recuperação da qualidade de vida e diminuição de complicações”, completa a médica, que também é especialista em dor crônica.
Os fitocanabinóides, substâncias presentes na cannabis, apresentam alívio para diversos incômodos que acometem as mulheres, sendo uma alternativa mais eficaz e menos invasiva. “Estudos anteriores sugerem que a cannabis tem a capacidade de mitigar problemas de sono, irritabilidade e dor nas articulações, portanto, pode desempenhar um papel significativo em alguns dos sintomas associados à Tensão Pré-Menstrual”, apontam no artigo.
A utilização da cannabis como medicamento não é de hoje, inclusive era receitada pelo médico inglês Sir Reynolds para tratar as cólicas menstruais da rainha Vitória, no século 19. Reynolds foi responsável pela primeira publicação sobre o uso da planta para dor, seus efeitos terapêuticos e adversos na revista científica Lancet, em 1890. “Da mesma forma, observa-se melhora na tensão pré-menstrual, nas cólicas menstruais, nos sintomas indesejáveis da menopausa, nas dores pélvicas crônicas e no desempenho sexual”, finaliza a Dra. Maria Teresa.
Nota do Editor; Marcelo dos Santos - jornalista - MTb 16.539 - SP/SP - Todas as informações são de responsabilidades dos autores e da empresa de Assessoria de Imprensa.
Sobre a Dra. Maria Teresa Jacob
Formada pela Faculdade de Medicina de Jundiaí em 1981. Pós graduanda em Endocannabinologia, Cannabis y Cannabinoides na Universidade de Rosário, Argentina. Realizou residência médica em Anestesiologia no Instituto Penido Burnier e Centro Médico de Campinas. Possui Título de Especialista em Anestesiologia, Título de Especialista em Acupuntura e Título de Especialista em Dor. Especialização em Dor, na Clinique de la Toussaint em Strassbourgo, França em 1992, Cannabis Medicinal e Saúde, na Universidade do Colorado, Cannabis Medicinal, em curso coordenado pela Dra. Raquel Peyraube, médica uruguaia referência mundial na área. Membro da Society of Cannabis Clinicians (SCC), da International Association for Canabinoid Medicines (IACM), da Sociedade Internacional para Estudo da Dor (IASP), da Sociedade Brasileira para Estudo da Dor (SBED), da Sociedade Internacional de Dor Musculoesquelética (IMS) e da Sociedade Européia de Dor (EFIC). Atua no tratamento de Dor Crônica desde 1992 e há alguns anos em Medicina Canabinóide em diversas patologias na Bem - Centro de Saúde e Bem Estar, Campinas.
Bhte, 05/02/2021
G I N E C O L O G I A
ARTIGO
Gravidez na adolescência: um problema de saúde pública
Por Claudia Rubin (*)
Fevereiro, 2021 – O dia 1º de fevereiro marca o início da Semana Nacional da Prevenção da Gravidez na Adolescência. Por cinco dias consecutivos, autoridades e instituições trazem o tema à luz do debate para mostrar algo que pouca gente sabe: trata-se de um problema de saúde pública, pois se apresenta como uma condição de alta prevalência; e de impactos individual (uma das principais causas de morte entre jovens e adolescentes) e social (causa evasão escolar, diminui oportunidades de trabalho e limita as jovens mulheres de suas vidas pública e política).
Estima-se que 400 mil crianças nascidas anualmente no Brasil sejam de mães adolescentes, segundo estudo da Associação Médica Brasileira (AMB). Ou seja, quase 20% das gestações ocorrem em mulheres entre 12 e 19 anos. Mesmo em queda, os números ainda são superiores às médias dos países desenvolvidos. E muitas razões podem ser apontadas: baixa escolaridade; o inicio de atividade sexual antes dos 15 anos; história materna de gravidez na adolescência; e falta de conhecimento e acesso a métodos contraceptivos, por exemplo.
A maioria destas gestações não é planejada e afeta de forma profunda – e muitas vezes irreversível – a saúde das meninas no curso da vida, não apenas dificultando o desenvolvimento psicossocial, mas também elevando os riscos de morte materna e deixando os filhos mais vulneráveis a problemas de saúde e pobreza. Só para se ter uma ideia, em nível global, segundo dados da Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS), do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), o risco de morte materna é duplicado em mães com menos de 15 anos em países em desenvolvimento. Já as mortes perinatais são 50% maiores entre bebês nascidos de mães adolescentes.
Gestações em adolescentes são consideradas, portanto, de alto risco e é importante salientar que patologias obstétricas, tais como pré-eclâmpsia, restrições de crescimento intrauterino, anemia, complicações referentes ao parto, por exemplo, estão mais comumente presentes nos extremos da vida reprodutiva. É, portanto, mandatório, que se siga um programa especial de acompanhamento de todo o ciclo gravídico puerperal dessas meninas.
No que tange ao enfrentamento para uma drástica mudança neste cenário, é preciso começarmos pela educação. Não apenas apresentando e orientando quanto aos diversos métodos contraceptivos e dando aos adolescentes a autonomia para escolhê-los, mas, ainda, promovendo a educação sexual em nível individual e comunitário, coibindo casamento infantil e empoderando as meninas para exercerem seus direitos reprodutivos em ambiente de igualdade de gênero. Também é necessário permitirmos o acesso a serviços de saúde capacitados, que respeitem os direitos sexuais dessas garotas, sem julgamentos de caráter moral, social ou religioso, disponibilizando os métodos contraceptivos de forma atualizada e desmistificada, incentivando o uso de métodos reversíveis de longa duração pela segurança, facilidade de uso e eficácia.
Em geral, adolescentes não têm contraindicações de nenhum método anticoncepcional. A apresentação de todos, contrapondo os pontos positivos e negativos de cada um, gera mais segurança na escolha. Uma escolha consciente e assertiva, por sua vez, tem mais possibilidade de adesão e de continuidade do uso.
Hoje em dia, há uma tendência das sociedades de ginecologia e pediatria em incentivar o uso de métodos contraceptivos reversíveis de longa duração (LARCS), como DIU de cobre, DIU hormonal e implante de etonogestrel, por exemplo, por se apresentarem com altíssima taxa de aprovação ao uso, com nenhum ou pouquíssimos efeitos colaterais. São práticos, seguros e não exigem tomadas diárias ou mensais. Cabe a nós, profissionais da saúde, esclarecer a ação (não são abortivos, ao contrário do que se pode pensar) e eficácia desses métodos, encorajando nossa população-alvo a utilizá-los sem medo.
Que a Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência de 2021 marque mudanças e quebras de paradigmas no aconselhamento e planejamento familiar das nossas adolescentes mais expostas a situações de vulnerabilidade e violência. E que este ciclo de repetições de padrões de pobreza e exclusão social seja, enfim, quebrado.
NE. Informações de inteira responsabilidade da autora e enviada por Assessoria em Comunicação Social ou imprensa.
(*) Dra. Claudia Rubin é Medica Ginecologista e Obstetra do Vera Cruz Hospital
34% das entrevistas têm diagnóstico de depressão e 50% de estresse
De acordo com recente pesquisa feita pelo ginecologista Dr. Edvaldo Cavalcante, em parceria com o Grupo de Apoio às Portadoras de Endometriose e Infertilidade, 50% das mais de 3 mil mulheres que responderam ao estudo foram diagnosticadas com o transtorno da ansiedade generalizada. Outras 34% receberam o diagnóstico de depressão e 50% de estresse.
A pesquisa corroborou dados de vários estudos internacionais feitos ao longo dos anos, que mostraram que a endometriose pode levar ao desenvolvimento de transtornos psiquiátricos, como ansiedade e depressão, por exemplo. Segundo Dr. Edvaldo, a cronicidade da endometriose é o principal fator de risco para os transtornos mentais, juntamente com a dor pélvica crônica e a infertilidade.
“Uma doença crônica, como a endometriose requer diversos cuidados com a saúde e causa preocupações que podem elevar o nível do estresse. A tensão já começa na busca pelo diagnóstico, que pode levar em média oito anos aqui no Brasil, de acordo com nossa pesquisa, sendo a média mundial sete anos. Passar por vários médicos pode ser desgastante, principalmente quando as queixas são desvalorizadas e há dificuldade em confirmar as suspeitas”, diz o médico.
Impacto do diagnóstico
Um momento que é de grande importância é o do diagnóstico, pois pode aumentar o estresse e a ansiedade. “Ao receber a notícia, a mulher se dá conta que tem uma doença incurável, que pode afetar diversos aspectos da sua vida, como o trabalho, os estudos, a vida social, o relacionamento e, para algumas, o sonho de ser mãe, por exemplo”, comenta a coordenadora, Marília Gabriela.
“A notícia deve ser dada com muito zelo por parte do médico e é interessante que a mulher seja aconselhada a procurar ajuda psicoterápica para lidar com o impacto inicial do diagnóstico”, comenta Dr. Edvaldo. Entretanto, isso não é uma realidade no Brasil. A pesquisa mostrou que apenas 24% das entrevistadas foram orientadas a procurar um psicólogo/terapia e só 13% seguiram a recomendação.
Lidando positivamente com a endometriose
Os estudos também mostram que não são todas as mulheres com endometriose que irão desenvolver transtornos psiquiátricos por conta da doença. Existem fatores protetores e fatores de risco envolvidos na ansiedade e na depressão.
"Há mulheres com histórico familiar destas doenças ou que já tinham o diagnóstico anteriormente ao da endometriose. Mulheres com histórico prévio de baixa autoestima e problemas com a imagem corporal também podem ter um risco maior quando o assunto é ansiedade”, comenta Dr. Edvaldo.
Por outro lado, mulheres sem histórico familiar ou pessoal de ansiedade ou de depressão e que têm uma boa autoestima, assim como aquelas com relacionamentos afetivos estáveis podem estar mais protegidas, segundo os estudos. As pesquisas sugerem que, nestes casos, há maior facilidade em ressignificar o diagnóstico e reorganizar a vida para conviver com a doença.
Dor é o principal fator de risco
De todos os achados sobre o impacto da endometriose na saúde mental, o mais importante, segundo os estudos, é a gravidade da dor pélvica crônica. “Segundo a nossa pesquisa, 91% das brasileiras com endometriose sentem dor em algum momento, sendo que 34% delas sofrem durante 15 dias no mês, entre a ovulação e a menstruação. Certamente, conviver com a dor de forma crônica é o aspecto mais difícil de lidar na endometriose”, comenta Marília.
Estratégias e recursos
Veja agora algumas dicas que podem prevenir quadros de ansiedade e depressão, assim como podem ajudar a gerenciar o estresse e a lidar melhor com a endometriose:
Procure ajuda: O aconselhamento de um terapeuta/psicólogo é fundamental no momento do diagnóstico e depois também.
Cuide da alimentação: Há estudos que mostram que a alimentação ajuda muito no tratamento e no controle da dor. Procure um nutricionista para ajudar neste quesito.
Pratique atividade física: Além de ajudar a controlar o peso, que pode aumentar por conta do tratamento da endometriose, a atividade física libera substâncias que levam ao prazer e ao bem-estar, diminuem o estresse e ajudam a controlar a ansiedade.
Controle a dor: Converse com seu médico. O principal objetivo do tratamento é controlar a dor e isso é possível, seja por meio de cirurgia ou de medicamentos.
Gerencie o estresse: encontre uma atividade que você goste de fazer, tenha momentos de lazer, pratique meditação ou qualquer hobby que ajude você a controlar a ansiedade o estresse.
Compartilhe sua história: Compartilhar sentimentos, angústias, história pessoal ou dúvidas com outras mulheres que têm endometriose pode ser muito bom. Além do Gapendi, há vários outros grupos espalhados pelo Brasil.
Julho 31, 2017
Dia do Orgasmo: Será que há o que comemorar?
São Paulo, 31 de julho de 2017 – Hoje é Dia do Orgasmo, mas para metade das brasileiras não há o que comemorar. Segundo pesquisa realizada pelo Projeto de Sexualidade da Universidade de São Paulo (Prosex), 55,6% das brasileiras apresentam dificuldades para atingir o orgasmo. A ausência do orgasmo nas mulheres é considerada uma disfunção sexual, que leva o nome de Transtorno Orgásmico Feminino, ou popularmente chamado de anorgasmia.
Os vilõesdo orgasmo feminino
Segundo Marina Simas de Lima, psicóloga, especialista em Sexualidade Humana, Terapeuta,, para a mulher atingir o orgasmo é preciso a combinação de fatores biológicos, psicológicos e culturais. “As causas físicas mais comuns do Transtorno Orgásmico envolvem doenças que atingem o sistema nervoso, como a esclerose múltipla, doença de Parkinson e epilepsia, por exemplo. Depois temos as doenças crônicas, como diabetes e a aterosclerose que interferem na circulação sanguínea, essencial para a função sexual”, comenta Marina.
Para Denise Miranda de Figueiredo, psicóloga, terapeuta de Casal,, as causas psicológicas também são importantes. “A culpa sexual é bastante prevalente, normalmente ligada à educação religiosa ou mais repressora. Ansiedade, estresse, depressão e conflitos nos relacionamento também são frequentes, assim como baixa autoestima, problemas com a imagem da região genital e falta de conhecimento da própria anatomia vaginal”, explica Denise.
Segundo as especialistas, o uso de medicamentos antidepressivos é outro fator que contribui para o Transtorno Orgásmico. Eles podem retardar ou tirar totalmente a capacidade de atingir o orgasmo. Uma pesquisa de 2006 mostrou que cerca de um terço das mulheres que tomam os antidepressivos Inibidores Seletivos da Recaptação da Serotonina (ISRS) relatam problemas com o orgasmo.
Vaginas são diferentes, orgasmos idem
Um mito bastante arraigado na crença popular é sobre o tipo de orgasmo feminino: vaginal ou clitoriano. Algumas mulheres só conseguem atingir o orgasmo com a estimulação do clitóris e outras conseguem com a penetração. A explicação pode estar nas diferenças das ramificações do nervo pudendo, responsável pela sensibilidade do períneo, lábios vaginais, ramos retais e clitóris. Quando este nervo se ramifica leva a diferenças na sensibilidade de certas áreas.
Segundo a ginecologista norte-americana Deborah Coady, em seu livroHealing Painfull Sex, o sistema nervoso pélvico varia muito de uma mulher para outra e cada uma possui diferentes terminações nervosas nas cinco zonas erógenas, como clitóris, entrada da vagina, colo do útero, ânus e períneo. Isso ajuda a explicar porque algumas mulheres têm mais sensibilidade no clitóris e outras na entrada da vagina. “Mas, de qualquer maneira precisamos lembrar que não importa como a mulher atinge o orgasmo, o importante é experimentá-lo”, diz Marina.
Masturbação é uma das chaves para chegar ao orgasmo
A pesquisa do Prosex mostrou que 40% das mulheres brasileiras não se masturbam. "Esse é um destaque muito importante na área da sexualidade humana, já que a masturbação é uma das chaves essenciais para se conhecer o próprio corpo, suas zonas de prazer e entender como conseguimos alcançar o orgasmo, dizem as especialistas.
“O tratamento para mulheres que apresentam o Transtorno Orgásmico requer alguns passos importantes. O primeiro é buscar ajuda com um ginecologista e se certificar de que não há nenhum problema físico ou hormonal que possa estar dificultando o alcance do orgasmo. Os problemas orgânicos devem ser diagnosticados e tratados”, diz Marina.
“As causas psicológicas também são importantes. Por isso, é fundamental buscar também a ajuda de um psicoterapeuta especializado em sexualidade humana para compreender o que poderia estar afetando o alcance do orgasmo. A psicoterapia pode ajudar na diminuição da ansiedade, estresse, melhorar a autoestima, a percepção corporal com exercícios diretivos que ajudarão a mulher a ter uma qualidade sexual melhor”, diz Denise.
“Por fim, incluir o parceiro ou a parceira no tratamento também é um passo essencial para o tratamento do Transtorno Orgásmico, pois isso amplia as possibilidades do casal conversar abertamente sobre o tema e se ajudar mutuamente na busca do prazer, deixando o corpo responder de forma natural”, finalizam as especialistas.
Julho 3, 2017
Ginecologista aponta 5 mitos e verdades sobre
a fertilidade masculina e feminina
O ginecologista Dr. Joji Ueno, diretor clínico e especializado em reprodução assistida, desvenda alguns questionamentos sobre a fertilidade do homem e da mulher. São eles:
Radioterapia e quimioterapia podem gerar infertilidade?
Verdade. As células reprodutivas sofrem alterações genéticas com o uso das terapias de cura do câncer. Para evitá-las, é importante extrair e congelar os gametas.
Aborto natural pode diminuir a chances de engravidar?
Mito. A interrupção de uma gravidez, por si só, quando ocorre naturalmente, não atrapalha as novas gestações. No entanto, se estas interrupções forem recorrentes, a mulher pode sofrer alguma malformação uterina como os septos, ou ainda, alterações inflamatórias/infecciosas como a endometrite crônica, além de pólipos endometriais, miomas submucosos, disfunções imunológicas e trombofilias. Uma boa investigação com exames adequados como histeroscopia diagnóstica, ressonância magnética, ultrassonografia 3D, histerossonografia e exames de sangue podem levar ao diagnóstico correto. O tratamento do ab orto natural, pelo curetagem uterina de restos, pode levar a danos no interior do útero. Por isso, é importante procurar seu ginecologista de confiança quando ocorrer o abortamento
A obesidade atrapalha a fertilidade?
Verdade. Nas mulheres, a obesidade causa disfunções hormonais importantes que prejudicam o ciclo menstrual e a ovulação. Já nos homens, altera o metabolismo e interfere diretamente na mobilidade e na forma dos espermatozoides, que têm sua capacidade de fecundação diminuída.
Ovários policísticos podem impedir que a mulher engravide?
Mito. A Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) pode causar falta de ovulação e, consequentemente, infertilidade. Mesmo assim, a mulher com SOP, que deseja engravidar, pode ser tratada de várias formas: "drilling" ovariano, relação sexual programada, inseminação artificial e FIV. Há mulheres que, mesmo com a doença, engravidam naturalmente.
O excesso de atividade física pode deixar as mulheres estéreis?
Verdade. O excesso de exercícios físicos e a adoção de uma dieta pobre em gorduras, somados à alta carga de estresse físico e emocional, podem provocar amenorreia, isto é, total ausência de menstruação. Esse conjunto de fatores alteram a produção hormonal. Além disso, como forma de defesa natural do organismo, que está carente de nutrientes para a sua própria sobrevivência, a ovulação pode s er interrompida.
Sobre Dr. Joji Ueno
Dr. Joji Ueno é ginecologista e obstetra, doutor em Medicina pela Universidade de São Paulo (USP) e Coordenador do Curso de Pós-graduação Lato sensu em Medicina Reprodutiva pelo Instituto de Ensino e Pesquisa em Medicina Reprodutiva de São Paulo (IEP GERA). Fundador e diretor da Clínica Gera (São Paulo - SP, Campo Grande - MS), também é autor livro do primeiro nacional de endoscopia ginecológica voltado para ginecologista: " Cirurgia Vídeo-Endoscópia em Ginecologia". Responsável pelo Setor de Histeroscopia Ambulatorial do Hospital Sírio Libanês.
Abril 19, 2017
REJUVENESCIMENTO DO OVÁRIO A CAMINHO DE SER REALIDADE
Edição genética poderá permitir que um ovário envelhecido ovule novamente
Permitir que um ovário envelhecido seja capaz de ovular novamente poderia ser a solução para engravidar em caso de menopausa precoce ou também para reverter o envelhecimento natural deste órgão, que é acelerado a partir dos 35 anos e provoca que 10 anos mais tarde, com 45 anos, a maioria das mulheres já não consegue engravidar de forma espontânea.
Atualmente nas clínicas de reprodução humana da Europa, metade dos tratamentos para engravidar são realizados com óvulos doados. “A idade média das pacientes mundialmente é de 39 anos, algo muito parecido com a realidade na nossa clínica no Brasil”, explica Drª Genevieve Coelho, diretora da clínica IVI Salvador e parte do grupo de medicina reprodutiva com mais de 70 clínicas no mundo que realizou a pesquisa. “Muitas pacientes a partir dos 40 anos precisam de óvulos doados, ou porque já não estão ovulando apesar de menstruarem, ou porque os óvulos que possuem não estão gerando embriões”.
Um dos desafios para os especialistas em reprodução humana é encontrar óvulos de qualidade nas pacientes, principalmente a partir dos 38 anos. Segundo as novidades apresentadas recentemente no evento sobre genética e reprodução humana que aconteceu na Espanha, a técnica mais prometedora para este futuro possível é a edição genética.
Como é possível rejuvenescer o ovário?
Existem várias equipes de cientistas pesquisando como fazer com que o ovário, órgão responsável pela ovulação, reverta o processo de envelhecimento e consiga ativar os “óvulos adormecidos”, que são aqueles que permanecem no ovário, mas não se desenvolvem, mesmo com o estímulo de medicamentos.
Quando as pacientes não estão ovulando bem, segundo Drª Genevieve, é realizado um tratamento de estimulação ovariana com medicamentos hormonais para estimular o desenvolvimento dos óvulos, porém a eficácia desse tratamento vai diminuindo com o avanço da idade materna ou a consequência da menopausa precoce, que atinge cerca de 1% das mulheres.
O rejuvenescimento do ovário é um tratamento realizado com células-tronco capaz de ativar os óvulos adormecidos da reserva ovariana que está sendo pesquisado por vários cientistas atualmente. Com a ferramenta de edição genética CRISPR, foi possível ganhar velocidade nas pesquisas, mas ainda não existe uma previsão para quando esta solução estará disponível para as pacientes.
Por que é difícil engravidar após os 40?
Antes mesmo de nascer as mulheres já contam com seu estoque de óvulos para a vida inteira. Ao longo da vida fértil de uma mulher, o corpo prioriza liberar primeiro os melhores óvulos, enquanto os considerados de menor qualidade permanecem e vão envelhecendo, o que afeta ainda mais sua capacidade de gerar um bebê saudável. O resultado dessa seleção natural são menos chances de engravidar na medida em que a idade avança e mais riscos de aborto e problemas genéticos nos descendentes.