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Abril 11, 2017


Por Dr. Carlo Crivellaro, Pediatra com Título de Especialista em Pediatria pela Sociedade 
Brasileira de Pediatria; Membro da Sociedade Brasileira de Pediatria; e Membro da Highway to Health International Healthcare Community

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Com certeza, esse é um tema muito delicado e difícil de ser falado, em qualquer época da nossa vida, e com qualquer pessoa.


Se é difícil para nós, adultos, imagine para as crianças. Como toda nova experiência, pode ser bastante confuso e assustador para as crianças, ainda mais em caso de morte por acidente. Quando acontece, seja ela com o bichinho de estimação ou com um ente querido, as crianças precisam de todo nosso apoio e, principalmente, de nossa sinceridade, para que haja confiança.


Antes de começar a explicar, temos que ter claro em nossa mente o que é a morte para nós mesmos, e pensar em que realmente acreditamos, porque só assim poderemos responder aos questionamentos delas, que vão ser muitos. Se quiser, vale explicar também que nem todos pensam exatamente como o papai e a mamãe, e dar versões de outras religiões.


Devemos entender também que o luto é um processo, e não um evento. Isso quer dizer que demanda tempo, e cada criança precisará de um tempo diferente para superar sua perda. Pressionar a criança a voltar a ter “vida normal”, sem dar o tempo necessário, implicará em outros problemas ou reações negativas.


Muitos pais têm dúvida de quando começar a falar sobre o assunto ou então preferem nem falar. Deixar de falar não é a melhor solução, pois a morte é algo que faz parte da vida de todos nós. Ela está nas plantas, nos bichinhos, nos amigos e familiares. A melhor época para falar sobre o assunto é quando a situação acontecer, e essa situação pode ser a morte de alguém querido ou o questionamento da criança sobre o porquê a florzinha do vaso morreu. A criança não irá se beneficiar de “não tocar no assunto” ou “tirar isso da cabeça”. Nunca fuja do assunto quando a criança quiser conversar sobre o tema.


Entre 5 a 7 anos, a criança começa a entender melhor como relacionar sua vida com o mundo. Então, automaticamente, ela conseguirá relacionar a morte com algo que ela perdeu, como um brinquedo, por exemplo.


A morte faz parte do ciclo da vida. Uma ótima maneira de preparar seu filho de maneira simples é ensiná-lo desde pequeno com exemplos práticos. Plante uma semente e vá mostrando como ela nasce, cresce e morre. Lembra daquele feijãozinho plantado no algodão que todos nós fizemos na escola? Pode ser um ótimo aliado neste momento. O mais importante desta experiência é mostrar que esse processo é natural e que independe de ele ter cuidado direitinho da planta.


Há três itens em relação à morte que a criança precisa entender:


- Tudo que é vivo vai morrer um dia;

- Quando morre não volta mais;

- Depois que morre, o morto não sente dor, não corre, não sente medo, não dorme, não pensa, não age mais.


Crianças até 3 anos não conseguem perceber claramente isso, mas entendem que não brincarão mais com a tia, ou que o avô não a buscará mais na escola. As mais velhas percebem que a morte é algo natural, mas precisarão de explicações concretas para entendê-la. Só a partir de 12 anos é que a criança consegue entender completamente todo o processo.


Nunca associe morte com sono! Para contar à criança que alguém morreu, o melhor é não mentir e nem contar historinhas do tipo: “ele dormiu para sempre”, “descansou”, ou “fez uma longa viagem”. As crianças entendem as frases exatamente como são ditas, e isso pode causar confusão na cabecinha delas. Podem achar que a vovó que morreu está apenas dormindo e vai acordar a qualquer momento e chegar em casa, ou que todo mundo que viaja nunca mais volta, ou quando o papai chegar e disser que está cansado, ela vai achar que ele vai dormir e morrer. Aliás, a própria criança pode começar a ter medo de dormir e não acordar mais. Se disser que “fulano virou uma estrelinha”, a criança vai acreditar e, quando olhar para o céu, irá achar que todas as estrelas são pessoas mortas.


Se um ente querido estiver muito doente a criança deve saber o que está acontecendo. Por mais nova que ela seja, irá perceber o clima da casa. Explique que a pessoa está doente e que é grave. Se caso a pessoa morrer, nunca chegue para a criança contando o que aconteceu de repente. Comece a conversa relembrando do ciclo da vida da plantinha, daquele feijãozinho que vocês plantaram. Encare como uma discussão em aberto, e não como um discurso! Dê espaço para a criança tirar as suas dúvidas. Comece com fatos básicos, descubra o que a criança sabe e pensa, para decidir o quanto mais de informação ela tolera. Nem todas as crianças suportam muitos detalhes. Mais uma vez: a criança precisa de apoio e sinceridade.


Nunca esconda seus sentimentos. Não queira passar a imagem de que está tudo bem. Ao contrário, exponha suas emoções, pode chorar e dizer que será difícil para todos da família. Isso fará a criança perceber que o que ela está sentindo é normal. Demonstre que, como a criança, você também sente saudades e está sofrendo, e deixe que ela fale sobre os seus sentimentos. Garanta que ela não está sozinha, e sempre haverá alguém para cuidar dela, principalmente se a perda for de um dos pais. E tenha paciência, pois é possível que ela pergunte as mesmas coisas várias vezes.


É natural que a criança apresente mudanças de comportamento após a notícia da morte de alguém com quem convive. Além do choro e da raiva, pode começar a ir mal na escola, ficar hiperativo ou fazer xixi na cama. Considere ajuda da escola e até de um psicólogo. É importante que a criança sinta que tem apoio e atenção também dos colegas e professores.


Outra dúvida comum é se a criança deve ir a velórios ou enterros. Não se deve forçar, mas a criança pode se beneficiar de participar junto com os adultos. Os rituais servem para que todos vivenciem melhor a despedida, inclusive os pequenos. Os especialistas concordam que velórios e enterros não traumatizam as crianças. Explique muito bem antes como é o velório ou o enterro, e pergunte se ela quer ir. A criança precisa saber antes que será triste, e que muitas pessoas estarão chorando. Não decida pela criança que ela deve ficar de fora, mas também não a obrigue a ir se ela não quiser, e não deixe que se sinta culpada se não for.


O mais importante de tudo é sempre agir com honestidade, com a verdade, para que seu filho possa sempre confiar em você. Se não souber responder a alguma pergunta, não tem nenhum problema em dizer “não sei”. Buscar as respostas junto com seu filho poderá uni-los ainda mais. Quando procurar ajuda profissional? Em casos de raiva ou hostilidade excessivas, ou quando a criança não expressa nenhum luto, ou em casos de depressão ou ansiedade que interferem nas atividades diárias, durando semanas ou meses.

 


 

Março 30, 2017

COMO LIDAR COM A DEPENDÊNCIA EXAGERADA DO SEU FILHO?

*Por Dr. Carlo Crivellaro

Cada vez mais, aumenta o número de mulheres no mercado de trabalho. E
não é só no Brasil. Em diversos lugares, mais da metade das mulheres
trabalham fora, pelos mais variados motivos, principalmente por
necessidade financeira. Com isso, muitas mulheres com bebês e crianças
pequenas precisam tomar uma difícil decisão: com quem deixar os
filhos?

Algumas preferem deixar com os avós, outras com babás, e há quem opte
pela escola infantil. E é nessa fase que se inicia o “desgrude” da
criança, o que nem sempre é fácil. Para o filho, a mãe representa
nutrição, proteção, conforto, amor e carinho. Portanto, neste período
de “afastamento”, é normal a criança sentir falta da mãe, ter medo e
chorar.

Crianças criadas com excesso de zelo podem ter ainda mais dificuldade
de se adaptarem com a ausência da mãe. Vale dizer que excesso de zelo
é quando a mãe dá tudo o que o filho quer, tem dificuldade de dizer
“não” e de impor limites à criança. O carinho e a atenção dos pais são
fundamentais, mas a falta de limites torna a criança mimada, insegura
e irresponsável. Os filhos precisam entender, desde a infância, até
aonde podem ir, e que as cobranças fazem parte da vida.

É na fase pré-escolar (2 a 6 anos) que a criança começa a explorar
mais o mundo, e sente curiosidade em descobrir coisas novas, o que faz
com que ela possa assumir riscos. Esses riscos devem ser
supervisionados, mas permitidos, desde que não envolva situação de
risco real. Isso é importante para que a criança tenha iniciativa e
independência. Se cada vez que ela ouvir “deixa que eu faço”, “você
não vai conseguir fazer sozinho”, “você é pequeno demais”; sua
capacidade de evoluir e de ter interesse por novas descobertas será
totalmente inibida.

Com o tempo, isso pode levar a criança a ser mais tímida, mais medrosa
e achar que as coisas só darão certo se a mãe estiver por perto.
Muitas vezes, a mãe não percebe essa dependência que ela mesma criou.
A criança também não tem a percepção de que está muito dependente.
Pelo contrário. Ela não tem desafios e obstáculos, o que torna sua
vida uma zona de conforto. Essa é a hora de fazer uma reflexão: será
que o excesso de proteção não está prejudicando o amadurecimento e a
independência da criança? Sim, está, e esta forma de educar trará
consequências frustrantes em sua vida adulta, tanto na questão pessoal
como profissional. Obviamente, os primeiros passos para cortar essa
dependência exacerbada devem ser dados pelos adultos.

Para que essa transição seja a mais tranquila possível, a mãe pode ir
preparando a criança desde cedo, mostrando que outras pessoas também
são capazes de cuidar dela. Deixe-a mais tempo com os avós ou com os
padrinhos, e aproveite para passear um pouco, se cuidar, sair com os
amigos e até ter um momento a sós com o marido. Com o tempo, a criança
vai perceber que a mãe se ausenta, mas volta, e será benéfico para
todos. Ao sair, sempre se despeça e explique que vai voltar. Se você
for embora sem falar com seu filho, ele não entenderá, e isso pode
gerar insegurança e perda de confiança.

Mesmo que seja um bebê, converse com ele. Diga que precisa ir
trabalhar ou fazer alguma coisa na rua, mas que irá retornar. Quando
deixar a criança na escola ou com outra pessoa, não demonstre tristeza
ou angústia. Qualquer sentimento que você tiver, irá transmitir ao seu
filho. Portanto, seja firme. Diga que o ama, que ele ficará bem e que
mais tarde irá buscá-lo.

Uma dica importante para estimular a independência da criança é fazer
com que ela valorize o seu próprio espaço. Deixe claro que ela tem a
SUA cama, o SEU quarto e os SEUS objetos. Concessões podem ser feitas,
como dormir uma noite ou outra com os pais. Mas é fundamental que ela
já comece a ter noções de discernimento, e entenda que certas coisas
não podem ser feitas sempre que ela tiver vontade.

Outra boa dica é incentivar a realização de tarefas que ela já possa
fazer sozinha, como escovar os dentes, se vestir e tomar banho. Peça
ajuda em funções que sejam apropriadas à idade dela, seja arrumando a
mesa, guardando os brinquedos, regando as plantas, dando comida ao
cachorro, entre outras. Isso ajudará no seu desenvolvimento. A criança
muita ociosa tende a demandar mais a atenção dos pais, além de se
tornar preguiçosa.

Se ela estiver com medo de realizar alguma tarefa, primeiro entenda a
razão deste medo e a encoraje a enfrentar a situação. É importante que
a criança já saiba que virão outros medos pela frente, ao longo da
vida, mas que ela esteja preparada para encará-los e tentar superar.

Em suma, qualquer excesso não é saudável, tanto a falta de zelo como o
excesso dele. Lembre-se: se você estimular a independência de seu
filho, estará fazendo dele um adulto seguro, responsável e capaz de
resolver seus próprios problemas com maturidade e clareza.

*Pediatra com Título de Especialista em
Pediatria pela Sociedade Brasileira de Pediatria; Membro da Sociedade
Brasileira de Pediatria; e Membro da Highway to Health International
Healthcare Community


 

 

Março 23, 2017

Proteína do leite materno reduz infecções hospitalares em prematuros


A maioria das doenças que afetam os recém-nascidos são infecções adquiridas no hospital, como meningite, pneumonia e infecções do trato urinário.

Respondendo a uma convocação da Academia Americana de Pediatria, (AAP), para reduzir infecções hospitalares em unidades de cuidados intensivos neonatais, (UTINs), em todo o país, pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade de Missouri encontraram uma proteína no leite materno que pode ser uma solução segura e eficiente.

“A maioria das doenças que afetam os recém-nascidos são infecções adquiridas no hospital, como meningite, pneumonia e infecções do trato urinário. Os pesquisadores não só descobriram que a lactoferrina, uma proteína encontrada no leite materno, pode reduzir as infecções hospitalares entre os prematuros, mas também mediram a segurança alimentar da proteína para os recém-nascidos”, afirma o pediatra Moises Chencinski, presidente do Departamento Científico de Aleitamento Materno da Sociedade de Pediatria de São Paulo.

Os estudiosos conduziram um ensaio de controle randomizado com bebês prematuros. Sessenta dos lactentes foram alimentados com lactoferrina através de um tubo de alimentação, duas vezes por dia, durante 28 dias, enquanto 60 lactentes adicionais receberam placebo. Os pesquisadores descobriram que a taxa de infecções hospitalares foi 50% menor entre os lactentes alimentados com lactoferrina.

Além disso, os pesquisadores usaram o MedDRA, um sistema que relata os resultados de segurança para a Food and Drug Administration, dos EUA, para avaliar a lactoferrina durante e após os lactentes receberam a proteína. Os bebês foram examinados quanto aos efeitos adversos da proteína seis e doze meses após o final do ensaio. Todos os efeitos adversos identificados foram associados com complicações do parto prematuro e não da ingestão da lactoferrina.

“Enquanto um grande ensaio clínico é necessário, antes de a lactoferrina tornar-se um protocolo de tratamento padrão nas UTINs, os resultados deste estudo mostram a segurança da lactoferrina e fornecem um relatório inicial de eficiência na redução de infecções hospitalares”, afirma o pediatra.


 


Codeína é muito arriscada para crianças, dizem especialistas, pedindo restrições de uso



A codeína é prescrita a pacientes pediátricos há muitas décadas como um analgésico e um medicamento para alívio contra a tosse


A Academia Americana de Pediatria, AAP, está exortando pais e profissionais de saúde a pararem de dar codeína para as crianças, destacando que é preciso mais conscientização sobre os riscos e as restrições da droga em pacientes com idade inferior a 18 anos. Um relatório clínico, publicado no Pediatrics, “Codeína: hora de para dizer 'Não'”, destaca o uso continuado da droga em ambientes pediátricos, apesar das evidências crescentes que ligam o analgésico a reações respiratórias fatais ou mortais.

A codeína é uma droga opiácea, que por décadas foi usada em medicamentos para dor e em fórmulas contra a tosse, vendidos sem receita médica. O problema é que a codeína é convertida pelo fígado em morfina. Devido à variabilidade genética na rapidez com que o corpo de um indivíduo processa a droga, o medicamento fornece alívio inadequado para alguns pacientes, ao mesmo tempo em que tem um efeito muito forte sobre outros. “Certos indivíduos, especialmente crianças e aqueles com apneia obstrutiva do sono, são ‘metabolizadores ultra-rápidos’ da droga e podem apresentar taxas de respiração severamente retardadas ou até mesmo morrer após tomar doses padrão de codeína”, afirma o pediatra e homeopata Moises Chencinski (CRM-SP 36.349).

Apesar destes riscos bem documentados e com as preocupações expressas por diversas entidades médicas e de saúde, incluindo a AAP, a Food and Drug Administration, dos EUA, e a Organização Mundial de Saúde, a droga ainda está disponível, sem receita médica, em fórmulas de medicamentos para tosse em 28 estados americanos. Além disso, de acordo com o relatório AAP, a droga ainda é comumente prescrita para crianças após procedimentos cirúrgicos, como a remoção de amígdala e de adenoide. Mais de 800.000 pacientes, com menos de 11 anos, receberam prescrição de codeína entre 2007 e 2011, de acordo com um estudo citado no relatório da AAP. Os otorrinolaringologistas são os prescritores mais frequentes de formulações líquidas de codeína / acetaminofen (19,6%), seguidos por dentistas (13,3%), pediatras (12,7%) e médicos de clínica geral / família (10,1%).

“O novo relatório clínico descreve alternativas potenciais para fornecer alívio da dor em crianças, mas reconhece que poucos medicamentos seguros e eficazes estão disponíveis para uso pediátrico. O manejo efetivo da dor em crianças continua desafiador porque seus corpos processam as drogas de forma diferente do que os adultos”, destaca o pediatra, que é membro do Departamento de Pediatria Ambulatorial e Cuidados Primários da Sociedade de Pediatria de São Paulo.


O relatório da AAP sugere que é preciso uma melhor educação dos pais e dos profissionais de saúde sobre os riscos do uso de codeína, além de restrições formais de seu uso em crianças. Isso sem contar com pesquisas adicionais sobre o tratamento seguro e efetivo da dor em crianças.

 

 

 

 

 

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